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    Banco Central: instituições financeiras podiam ter identificado ao menos R$ 14 bi da fraude das Americanas

    Diretor de Monitoramento do BC diz em CPI que bancos tinham de ter ligado alertas contra calote da varejista há muito mais tempo

    Homem caminha em frente a uma loja Americanas (Foto: REUTERS)

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    Por Filipe Calmon, especial para o 247 em Brasília - O Sistema de Informações de Créditos (SCR) do Banco Central é utilizado para a avaliação de riscos na concessão de créditos e está disponível para os bancos, mas não vinha sendo utilizado para avaliar concessões feitas às Americanas. Caso utilizado, os bancos poderiam ter percebido diferença da ordem de R$ 14 bi entre o registrado no sistema e o declarado no balanço agora sabidamente fraudulento. Essa foi uma das respostas do chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro (Desig) do Banco Central, Gilneu Francisco Astolfi Vivian, em depoimento nesta terça-feira (20) à CPI das Americanas na Câmara dos Deputados.

    "Consultar o SCR não é obrigatório. Não existe regra quanto a isso. A concessão de crédito é uma prerrogativa da instituição, que vai levar em consideração os critérios que entender pertinentes. O que nós exigimos é uma documentação com uma política de crédito onde o banco vai descrever o tipo de trabalho que vai ter e, a partir daí, é que vai decidir por conceder o crédito ou não. Para a maior parte das operações, os bancos têm consultado o SCR. Para grandes empresas, isso não é tão recorrente por causa das relações que eles têm com as instituições, que são de outro nível no geral", explicou Gilneu.

    "Se os bancos tinham informações suficiente para verificar a fraude? Nesse caso seria possível verificar através do SCR porque nele o banco informa tanto as operações de crédito quanto as 'operações com características de crédito'. Neste caso, como o banco comprou aquela fatura, essa operação é entendida como uma 'operação com característica de crédito'. Então se o banco olhasse o SCR ele veria que lá tinha R$ 18 bi, ou algo assim, em operações de crédito em nome da Americanas e não os 4 ou 5 bi que eles faziam constar no balanço", assegurou.

    Apesar da revelação, os parlamentares presentes não exploraram essas declarações. Mesmo após a audiência, quando questionados pela reportagem, os deputados apenas se mostraram contentes com o depoimento de forma geral. Não sentindo necessidade de aprofundar o assunto. Quando o representante do BC foi abordado, sua assessoria impediu qualquer resposta informando que não poderiam ser dadas declarações à imprensa.

    Sistema de Informações de Créditos (SCR)

    Registros de crédito de cliente cujo risco direto na instituição financeira (somatório de operações de crédito, repasses interfinanceiros, coobrigações e limites, créditos a liberar) é igual ou superior a R$ 200,00 (duzentos reais) são registrados de forma individualizada no Sistema de Informações de Créditos do Banco Central (SCR).

    O SCR é um instrumento de registro gerido pelo BC e alimentado mensalmente pelas instituições financeiras. Permite à supervisão bancária a adoção de medidas preventivas, com o aumento da eficácia de avaliação dos riscos inerentes à atividade. Por meio dele, o BC consegue verificar operações de crédito atípicas e de alto risco, sempre preservando o sigilo bancário. O SCR é um mecanismo utilizado pela supervisão bancária para acompanhar as instituições financeiras na prevenção de crises.​

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