BC eleva previsão de crescimento da economia do Brasil em 2023 de 1,2% para 2%, mas alerta para desaceleração
Revisão reflete surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura
Reuters - O Banco Central melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023 a 2,0%, de 1,2% estimado em março, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, mas avalia que o cenário ainda é de desaceleração da atividade econômica neste ano.
O BC explicou no documento que a revisão reflete surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura.
Mas alertou que "a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica".
O BC apontou que foram mantidas previsões modestas para as variações trimestrais da indústria e serviços ao longo do restante do ano, mas que a agropecuária deve ter evolução distinta.
"Após a forte alta nos primeiros três meses do ano, impulsionada pela safra recorde de soja, o setor deve recuar nos trimestres seguintes, contribuindo para a desaceleração do PIB, tanto por seu impacto direto como por sua influência nos demais setores", disse o BC no documento.
A estimativa do BC é um pouco melhor do que o crescimento de 1,91% esperado pelo Ministério da Fazenda, enquanto a pesquisa Focus mais recente aponta que o mercado prevê uma expansão do Produto Interno Bruto de 2,18% em 2023.
A atividade econômica surpreendeu no início deste ano com um crescimento acima do esperado de 1,9% no primeiro trimestre, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas, o que desencadeou uma série de revisões para cima por parte de especialistas e analistas em suas projeções para a economia.
A projeção do BC para o crescimento da agropecuária neste ano passou de 7,0% para 10,0%, enquanto a perspectiva de expansão da indústria foi elevada de 0,3% para 0,7%. O BC passou ainda a ver alta de 1,6% do setor de serviços, contra 1,0% antes.
Em relação à inflação, o BC avaliou que o comportamento benigno recente nos preços no atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais, sugere continuidade do movimento de arrefecimento da inflação nos próximos meses.
Mas, para o segundo semestre de 2023, a expectativa é de uma inflação maior acumulada em 12 meses, consequência da saída do cálculo do IPCA do efeito das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 e da manutenção dos efeitos das medidas tributárias deste ano.
Transações correntes - Ainda no Relatório de Inflação, o BC piorou sua estimativa para o resultado das transações correntes neste ano, passando a ver um saldo negativo de 45 bilhões de dólares, ante rombo de 32 bilhões de dólares projetado em março.
Isso se deve principalmente a um superávit menor esperado para a balança comercial, de 54 bilhões de dólares agora contra 62 bilhões previstos em março.
A autoridade monetária ainda passou a ver um crescimento do crédito no país de 7,7% este ano, ante estimativa de 7,6% antes. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 9,9% em 2023, contra expectativa anterior de 8,4%. Para as empresas, a alta foi calculada em 4,4%, ante 6,3% no último relatório.
Sobre política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia.
"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", repetiu o BC.
Em sua última reunião, o BC deixou a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, como esperado, e sinalizou na ata desse encontro a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário "parcimonioso" na próxima reunião, em agosto.
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