Bolsonaro debocha ao ser questionado sobre alta do dólar: 'quer o telefone do Roberto Campos?'
Questionado sobre a cotação histórica do dólar, a R$ 4,20, Jair Bolsonaro sugeriu a jornalistas o nome do presidente do Banco Central para explicar a escalada da moeda americana
247 - Jair Bolsonaro se recusou a comentar a alta do dólar comercial, que nesta segunda-feira 18 fechou na maior cotação da história, a R$ 4,20, sem perspectiva do mercado no governo, principalmente depois da frustração com a participação estrangeira no leilão do excedente da cessão onerosa.
"Dólar subiu? Conversa... Quer o telefone do Roberto Campos?", respondeu a jornalistas, debochando da pergunta e encerrando a conversa em frente ao Palácio do Alvorada. Na resposta, ele se referia ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em seguida, Bolsonaro parou para falar com apoiadores.
Leia mais sobre a cotação do dólar na reportagem da Reuters:
Dólar supera R$ 4,20 e tem máxima histórica para um fechamento com exterior e questões locais
Por José de Castro (Reuters) - O dólar fechou numa máxima recorde nesta segunda-feira, acima de 4,20 reais na venda, numa sessão negativa para divisas emergentes conforme pesaram dúvidas sobre a situação comercial entre Estados Unidos e China.
No Brasil, a força do dólar seguiu amparada também pela ausência de expectativa por considerável ingresso de capital no curto prazo, depois da frustração com a participação estrangeira no leilão do excedente da cessão onerosa, no começo de novembro.
Ao término do pregão no mercado à vista, às 17h, o dólar subiu 0,30%, a 4,2061 reais na venda. Com isso, a cotação deixou para trás o recorde anterior para um fechamento —de 4,1957 reais na venda, do dia 13 de setembro de 2018.
Na B3, em que os negócios com mercado futuro vão até às 18h15, o contrato de dólar de maior liquidez tinha alta de 0,26%, a 4,2110 reais, por volta de 17h30.
Na máxima no mercado futuro, a moeda foi a 4,2130 reais. No segmento spot, o pico do dia foi de 4,2102 reais na venda.
O recorde do dólar é válido quando se consideram taxas nominais (não descontada a inflação) de fechamento no mercado à vista.
Para cotações marcadas durante os negócios (intradia), a máxima de todos os tempos para o dólar interbancário ainda é em torno de 4,25 reais, patamar alcançado em 24 de setembro de 2015, dias depois de a agência de classificação de risco S&P rebaixar a nota de crédito soberano do Brasil a grau especulativo.
A alta do dólar nesta sessão deu sequência a um movimento visto ao longo do mês. No acumulado de novembro, a moeda sobe 4,91%, mais do que anulando a queda de outubro (-3,52%) e a caminho da maior valorização mensal desde agosto (+8,51%).
A combinação entre decepção com o leilão do pré-sal de 6 de novembro, convulsão social na América Latina, ruídos políticos locais e exterior ainda afetado por incertezas comerciais tem impulsionado a divisa, que ganha ainda frente a várias outras emergentes.
Nesta sessão, as maiores altas do dólar eram contra peso mexicano, rand sul-africano, peso filipino, peso chileno e peso colombiano —todas divisas emergentes.
Em relatório, o Credit Suisse chama atenção para os efeitos das expectativas quanto a possíveis intervenções do Banco Central no câmbio. Segundo o banco suíço, qualquer expectativa de atuação do BC neste momento pode ser frustrada, o que poderia dar mais fôlego ao dólar.
Além disso, estrategistas do Credit falam em “proliferação” de estruturas de opções com barreiras acima de 4,20 reais, que, rompidas, poderiam causar uma aceleração na alta do dólar.
“A natureza assimétrica de riscos direcionais sobre expectativas de intervenção, combinada com a extensão da decepção com o leilão de petróleo, nos deixa receosos sobre tentar minimizar a força do dólar a partir dos atuais níveis”, afirmaram os profissionais.
O dólar em recorde histórico nominal, contudo, não é visto por alguns no mercado como sinal de um Brasil mais arriscado. “Há tempos que o câmbio perdeu aderência ao risco-país, que está em baixa. O dólar reage a muitas outras questões, entre elas externas”, disse Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset.
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