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    Campos Neto volta a defender choque fiscal para viabilizar juros mais baixos

    "Se você tem um choque positivo, vai influenciar a curva longa de juros, as taxas de juros, o câmbio, as expectativas", disse o presidente do Banco Central

    Roberto Campos Neto. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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    Reuters - O pacote com medidas fiscais prometido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva poderá gerar efeito positivo sobre a política monetária se for capaz de gerar uma mudança grande o suficiente em variáveis observadas pelo Banco Central ao definir os juros básicos, disse nesta segunda-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

    Em reunião com investidores organizada pelo Deutsche Bank, em Londres, Campos Neto afirmou que o anúncio fiscal não tem relação mecânica com a política monetária, mas tem potencial de afetar prêmios de risco, taxas longas de juros e câmbio.

    "Tem que ser algo que produza uma mudança nas expectativas que seja grande o suficiente para reverter o prêmio de risco, a expectativa de inflação e a curva longa de juros, e isso alimentaria a função de reação (do BC) de maneira positiva", disse.

    "Se você tem um choque positivo, vai influenciar a curva longa de juros, as taxas de juros, o câmbio, as expectativas. E essas variáveis são importantes para nossa função de reação."

    Na apresentação, ele reafirmou que se o Brasil quer ter juros estruturalmente mais baixos, provavelmente será necessário apresentar ao mercado medidas que sejam interpretadas como um choque fiscal positivo.

    O governo previu apresentar a partir de novembro um conjuntos de propostas para controlar despesas públicas, mirando tornar o arcabouço fiscal sustentável e melhorar a trajetória da dívida pública.

    Campos Neto disse, ainda, que a decisão de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) -- que terminou com uma divisão entre diretores indicados neste e no governo anterior -- gerou uma "cicatriz de credibilidade" que vem sendo endereçada pela autarquia.

    Ele ponderou que vê a piora recente nos prêmios de risco mais relacionada ao tema fiscal, especialmente pela percepção do mercado sobre o afrouxamento das metas fiscais a partir de 2025 e questionamentos sobre a transparência das estatísticas do governo para as contas públicas.

    "Parece haver um crescimento do prêmio de risco que está mais e mais associado a isso (fiscal), e para haver uma reversão é necessário criar uma percepção de que você fez algo que pode mudar a fotografia estruturalmente. Espero que o plano que será anunciado seja percebido como capaz de fazer isso", afirmou.

    Ao voltar a dizer que preços de mercado parecem exagerados, mas transmitem um sinal, Campos Neto disse que a situação fiscal do Brasil é similar à de seus pares, mas a dívida pública brasileira, na partida, já era mais alta do que a de outros países emergentes.

    O presidente do BC ainda afirmou que BC acompanha as concessões de crédito subsidiado, que podem reduzir a potência da política monetária. Ele ponderou que até o momento a alta observada não seria suficiente para mudar a taxa neutra de juros no país.

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