Cúpula Brasil-Alemanha é a primeira em oito anos
A Alemanha também considera o Brasil um parceiro fundamental na sua tentativa de diversificar o comércio
BERLIM (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Berlim neste domingo para o primeiro encontro a nível de governo entre Brasil e Alemanha em oito anos, com as maiores economias de Europa e América Latina buscando retomar seus laços históricos.
Lula viajou por todo o mundo desde que retornou ao cargo em janeiro, tentando restaurar a posição do Brasil no cenário global após anos de isolamento diplomático sob o antecessor Jair Bolsonaro, e até agora obteve resultados razoáveis.
Ele jantou neste domingo com o chanceler alemão Olaf Scholz, também de esquerda, antes da cúpula de segunda-feira.
Scholz foi o primeiro líder estrangeiro a visitar Lula no Brasil, poucas semanas após sua posse.
Desde que assumiu o cargo, no final de 2021, o chanceler alemão tem procurado melhorar os laços com o Sul Global. A Alemanha também considera o Brasil um parceiro fundamental na sua tentativa de diversificar o comércio, em parte para reduzir a sua dependência da China, e fechar uma lacuna em termos de mão-de-obra qualificada.
Ambos os países pressionam por um acordo comercial rápido entre a União Europeia e o Mercosul, o principal bloco comercial da América do Sul, presidido atualmente pelo Brasil.
"É de conhecimento de todos que apoiamos e lutamos por este acordo e também queremos que ele seja concluído muito rapidamente”, disse um porta-voz do Ministério da Economia alemão na última sexta-feira.
Um tratado comercial foi acordado no início de 2019, após duas décadas de negociações, mas novos compromissos ambientais exigidos pela UE levaram o Brasil e a Argentina a procurar novas concessões que prolongaram as negociações.
“Os acordos de livre comércio abrem o acesso a novos mercados com os quais a economia alemã orientada para as exportações pode se beneficiar”, disse Lukas Koehler, um deputado dos Democratas Livres (FDP), partido que faz parte da coligação tripartite que sustenta o governo de Scholz.
As exportações alemãs para o Brasil, no entanto, cresceram apenas 3% nos últimos dez anos, em comparação com crescimentos de 38% e 87% nas exportações dos EUA e da China para o Brasil, respectivamente, de acordo com o Comissão de Negócios Alemães da América Latina.
Scholz espera evitar um cenário como o de janeiro, quando sua visita ao Brasil foi ofuscada por divergências sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Desta vez, a conferência de imprensa na tarde de segunda-feira pode destacar as diferenças de posturas a respeito da guerra entre Israel e Hamas.
Lula disse no mês passado que Israel estava “cometendo terrorismo” contra os palestinos “ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, que as mulheres não estão em guerra”. Scholz, por outro lado, evitou tais críticas e apoiou continuamente o “direito de Israel de se defender”.
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