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    Desdolarização, defendida por Lula e Xi, é consequência da política de sanções dos EUA

    Países não querem ficar sujeitos a sanções impostas pelos Estados Unidos

    (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

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    Sputnik – Especialistas avaliaram as perspectivas do yuan como uma moeda de pagamentos internacionais e as razões pelas quais o dólar poderia perder suas posições, uma das quais é a política de sanções dos EUA.

    De acordo com Ali Ahmadi, pesquisador do Centro de Política de Segurança de Genebra, a razão para descartar o dólar pode ser a política de sanções dos EUA.

    "Agora, especialmente por causa da política de sanções dos EUA, muitos países estão interessados em encontrar maneiras convenientes e acessíveis de pagar através de outras moedas", disse Ahmadi à Sputnik.

    Ele reconheceu que a desdolarização seria um processo difícil, dado que o mundo tem tido por muito tempo uma moeda única que serve como moeda comum. Ahmadi acrescentou que o yuan é uma boa opção, mas que seu maior interesse está no comércio direto com a China.

    Mas o principal problema é que "o controle dos movimentos de capital na China torna o yuan menos conversível ou previsível do que o dólar", disse ele.

    De acordo com Thomas Hult, professor de Marketing e Negócios Internacionais da Universidade Estadual de Michigan, as causas da desdolarização da economia mundial são atribuídas à incerteza causada pelo conflito na Ucrânia, desempenham um papel os interesses europeus relacionados à sua moeda e o acordo do Brasil e da China para usar o yuan em transações transfronteiriças.

    "Há anos, a China ataca estrategicamente a dolarização do mundo através de seu Banco do Povo e da Parceria Estratégica Global com a Rússia e o Brasil, enquanto abre caminho para a União Europeia com a França, por exemplo, completando seu primeiro acordo de gás natural liquefeito [GNL] usando o yuan", observou Hult.

    A promoção do yuan, que começou há muitos anos, é muito sustentável por causa da política monetária da China, disse Hult.

    "Na verdade, na época a China mudou estrategicamente seu foco e decidiu se concentrar na estabilidade social, no crescimento sustentado e na manutenção do mercado chinês como atraente para o investimento, em vez de se focar apenas no crescimento sem precedentes a longo prazo", afirmou o especialista.

    Redução contínua – Por sua parte, o presidente do Fundo de Tecnologias de Informação e Inovação, Robert Atkinson, disse à Sputnik que o domínio do dólar está diminuindo lentamente, e os investidores estão perdendo a fé na capacidade do governo dos EUA de pagar pelo serviço da dívida.

    De acordo com Atkinson, a desdolarização da economia mundial terá um efeito misto.

    "Por um lado, isso reduzirá o poder do governo dos EUA, porque o dólar é uma moeda de reserva – os outros países dependerão menos do dólar. Por outro lado, a desdolarização significaria que o dólar cairia de seu nível artificialmente alto, tornando as exportações dos EUA mais competitivas e reduzindo o atual déficit comercial anual de US$ 1 trilhão [R$ 4,93 trilhões]. Isso é extremamente importante se os EUA quiserem competir efetivamente com a China em muitas indústrias avançadas", disse ele.

    Derek Scissors, pesquisador sênior do American Enterprise Institute, disse à Sputnik que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a participação do dólar nas reservas cambiais oficiais caiu na última década para 58% no final de 2022, e essa tendência continua.

    "Levará cerca de 30 anos para cair abaixo de 50%. Não há moeda substituta. O concorrente mais próximo é o euro com 19%, mas a utilização do euro fora da União Europeia é insignificante", acrescentou.

    Scissors apontou que, desde que o yuan começou a se mover contra o dólar em 2010, ele flutuou menos de 10% em qualquer direção de uma média inferior a 6,8%.

    Os valores equivalentes para o iene são cerca de 20% em relação ao valor maior e 30% ao menor, e a economia do Japão está estagnada, enquanto a economia da China é dinâmica, acrescentou.

    "Isso ocorre porque a China não permite que o yuan deixe o país livremente e, portanto, precisa de um padrão adicional para determinar seu valor. Esse ponto de partida é o dólar, e o yuan é um instrumento de dólar".

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