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    'Enquanto a Americanas ruía, a cúpula executiva empregava todos os esforços em uma fraude que a tornou milionária', diz a PF

    O esquema, considerado a maior fraude da história do mercado financeiro brasileiro, resultou em prejuízos estimados em R$ 25,3 bilhões

    Unidade da Americanas em Brasília (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    247 - A Polícia Federal (PF) desencadeou na quinta-feira (27) a Operação Disclosure, uma ofensiva contra um esquema de fraudes contábeis na Lojas Americanas. Investigações revelam que os altos executivos da varejista, incluindo o ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali, manipulavam os resultados financeiros da empresa para assegurar lucros e bônus inflacionados, enganando investidores e acionistas.

    A PF expôs em seu pedido de prisão e mandados de busca que a cúpula da Lojas Americanas utilizava táticas sofisticadas para mascarar as reais condições financeiras da empresa. “Documentos e planilhas eram falsificados, dívidas contraídas com os bancos eram escondidas do balanço e créditos inexistentes eram criados e lançados na contabilidade da companhia”, detalhou o órgão.

    As práticas fraudulentas permitiram que a empresa apresentasse falsos lucros, o que, por sua vez, gerou grandes bônus para os executivos. “Enquanto a companhia ruía, a alta cúpula executiva empregava todos os esforços em uma fraude que os tornaram milionários”, concluiu a PF em seu relatório, informa o Metrópoles.

    Como parte da operação, a PF realizou buscas nas residências de 14 investigados e cumpriu mandados de prisão contra Gutierrez e Saicali. Ambos os executivos estão atualmente fora do Brasil. Seus nomes foram adicionados à lista de Difusão Vermelha da Interpol, o que permite sua busca e captura internacional.

    A operação destacou o uso de centenas de e-mails entre os ex-executivos como prova das fraudes. “Por meio deles, verifica-se que, mês a mês, todos recebiam os resultados reais, tomavam conhecimento do refino dos números (versões que modificavam linhas do balanço), elegiam um resultado fictício e tomavam conhecimento do resultado fraudulento”, relatou a PF.

    Um dos elementos centrais da fraude era o chamado “arquivo verde e amarelo”, uma espécie de manual para ajustar os resultados da empresa de acordo com as expectativas do mercado. Gutierrez, apontado como o principal arquiteto do esquema, estava plenamente consciente tanto dos resultados reais quanto dos fraudulentos, que serviam de base para os bônus milionários que ele e outros executivos recebiam.

    O esquema, considerado a maior fraude da história do mercado financeiro brasileiro, resultou em prejuízos estimados em R$ 25,3 bilhões. As investigações revelaram que os diretores da Americanas venderam R$ 258 milhões em ações da empresa antes da revelação pública do rombo contábil, em 2023. A PF descobriu ainda que Gutierrez tentou proteger seu patrimônio transferindo imóveis para familiares e enviando dinheiro para paraísos fiscais.

    Os prejuízos resultantes dessas práticas impactaram severamente os acionistas, especialmente os minoritários, que negociavam ações baseadas em informações fraudulentas, inflacionando seus preços.

    Em resposta às acusações, a defesa de Miguel Gutierrez afirmou que ele "não teve acesso aos autos das medidas cautelares" e que "por isso, não tem o que comentar". “Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”, afirmou a nota divulgada.

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