FUP agenda reunião com nova presidente da Petrobras para discutir reivindicações dos petroleiros
"Os desafios dessa luta são enormes, pois os interesses do capital financeiro de curto prazo têm contaminado a atuação da Petrobras", disse o presidente da FUP, Deyvid Bacelar
247 - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) solicitou à nova presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, o agendamento de uma reunião com representantes sindicais para discutir as pautas da categoria no âmbito da nova gestão da companhia. A reunião foi marcada para 11 de junho, no edifício sede da companhia, no Rio de Janeiro.
Devido ao agendamento da reunião, a FUP adiou para junho a realização de ato nacional que havia sido convocado para esta quarta-feira ( 29). na semana passada, os petroleiros aprovaram o estado de greve para pressionar os gestores a discutir pautas de interesse da categoria da Petrobrás, que teve direitos abolidos nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Em um documento enviado à Chambriard, a FUP destacou temas prioritários, tanto em relação ao resgate de direitos quanto ao fortalecimento da Petrobrás como empresa pública e integrada. Entre os pontos destacados estão a solução dos déficits estruturais do fundo de previdência e do plano de saúde e a anistia das punições e demissões políticas de petroleiros e dirigentes sindicais perseguidos pelos últimos governos. Na mensagem à presidente da Petrobrás, a federação reitera a urgência da empresa assumir papel de relevância na indústria nacional e o protagonismo na reconstrução do Brasil e na transição energética.
“Sabemos que os desafios dessa luta são enormes, pois os interesses do capital financeiro de curto prazo têm contaminado a atuação da Petrobras. Nas gestões Temer e Bolsonaro, a empresa priorizou a remuneração do capital financeiro, se desfazendo de ativos para pagar altos dividendos aos grandes fundos de investimento nacionais e internacionais”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Veja os principais pontos reivindicados pela FUP e sindicatos:
1 - Revisão do horizonte temporal do processo de planejamento da Petrobrás, com a retomada de planos estratégicos de longo prazo;
2 - Resgate da empresa integrada, com atuação em todo o território nacional, com o retorno dos investimentos em tecnologia, pesquisa e inovação;
3 - Expansão da capacidade instalada do parque de refino nacional, visando reduzir a dependência da importação de derivados e a exposição à volatilidade internacional de seus preços;
4 - Tratamento diferenciado para o gás de cozinha, gasolina e óleo diesel, devido à importância destes itens no custo de vida. A Petrobras também deve atuar junto ao governo federal para a implantação de um estoque regulador de derivados, e para a criação de um imposto sobre exportação de petróleo cru, de modo a capitalizar um fundo moderador dos preços de derivados;
5 - Retomada de uma política de recuperação das reservas da companhia no longo prazo, atuando em novas fronteiras, como a Margem Equatorial, e em potenciais exploratórios onshore no nordeste brasileiro e nas bacias offshore de Pelotas e Margem Leste. É preciso ainda a retomada de uma política exploratória ativa e própria, com expansão para novas áreas e respeito a legislação e parâmetros ambientais;
6 - Adoção de uma política industrial ativa de conteúdo local, capaz de dinamizar segmentos estratégicos da cadeia de óleo e gás, como a indústria naval e o setor de logística;
7 - Ampliação da infraestrutura de escoamento de gás natural no país, insumo importante para descarbonização do parque industrial brasileiro;
8 - Definição de uma estratégia ambiciosa e transparente do papel da Petrobrás na descarbonização da matriz energética nacional e para a transição energética justa, através de pesquisa e desenvolvimento de novas rotas tecnológicas de baixo carbono. Para tanto, propomos a revitalização do programa de biocombustíveis, com a preservação da PBio - Petrobrás Biocombustíveis - e a retomada de suas plantas de produção;
9 - Retorno da Petrobrás na geração de energia eólica e solar, e investimentos em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde e de uma neoindústria para a produção de combustíveis verdes.
10 - Reavaliação dos parâmetros de distribuição de remuneração a seus acionistas;
11 - Mudanças no Estatuto Social e no Regimento Interno da empresa, adequando-os às novas necessidades, mais descentralizadas, respeitando o papel social da companhia, as vocações e particularidades regionais, possibilitando maior retomada dos investimentos.
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