Galípolo descarta intervenção ampla no dólar e defende câmbio flutuante
Futuro presidente do Banco Central destaca desafios econômicos, necessidade de juros altos e possível atuação sazonal no câmbio
247 - Em evento promovido pela XP Investimentos, o diretor de política monetária do Banco Central e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, reafirmou a defesa do regime de câmbio flutuante como um dos pilares da economia brasileira. “O câmbio flutuante está cumprindo muito bem seu papel. Seguimos participando [do mercado de câmbio] só quando há disfuncionalidade”, disse o economista, em meio à recente alta do dólar, que alcançou a marca de R$ 6 nos últimos dias.Conforme destacado pelo Estadão, Galípolo descartou a possibilidade de o Banco Central intervir de forma ostensiva para conter a valorização do dólar. “Tem R$ 370 bilhões de reserva, por que não segura no peito? Mas quem está no mercado sabe que não é assim que funciona”, afirmou, em tom categórico.
Apesar de reforçar o compromisso com o câmbio flutuante, Galípolo sinalizou que pode haver atuação do BC no final do ano, caso ocorra um movimento sazonal relacionado ao envio de dividendos para o exterior. A intervenção, nesse caso, seria pontual e ajustada às condições do mercado.
Galípolo também destacou o desempenho acima do esperado da economia brasileira, que, segundo ele, está sendo impulsionada por fatores como maior circulação de dinheiro entre a população. “Talvez a progressividade da política fiscal praticada este ano tenha colocado mais dinheiro na mão das pessoas, levando a um dinamismo superior ao que se imaginava”, avaliou.
O diretor ressaltou que as projeções sobre o endividamento do governo não mudaram de forma significativa, mesmo diante de inflação e juros elevados. Ele atribuiu isso a uma economia mais robusta do que o previsto, afastando a ideia de que o maior dinamismo se deve a um aumento expressivo nos gastos públicos.
Sobre a política monetária, Galípolo defendeu a manutenção de juros altos por mais tempo, argumentando que o cenário de desemprego em mínima histórica e moeda desvalorizada exige medidas mais restritivas. “É em cima desse cenário que o BC foi caminhando de um corte, para uma pausa, e para um ciclo de alta de juros que iniciamos nas duas últimas reuniões”, explicou.
O economista classificou a atual conjuntura econômica como um “desafio para uma geração”, destacando a complexidade de manter juros elevados em um contexto de pleno emprego. “Juros de 11,25% em uma situação de pleno emprego é algo que não se resolve com uma reunião do Copom. É um desafio para uma geração”, afirmou.
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