Ibovespa fecha em alta com declaração de Jerome Powell de que chegou a hora de cortar juros
A semana foi marcada pela renovação de topos históricos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, com o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizando que o banco central dos Estados Unidos está pronto para cortar os juros da maior economia do mundo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,32%, a 135.608,47 pontos, tendo marcado 135.174,18 pontos na mínima e 136.477,53 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou 20,93 bilhões de reais, abaixo da média diária do mês de 28 bilhões de reais.
Na semana, marcada pela renovação de topos históricos, o Ibovespa acumulou valorização de 1,24%, ampliando o ganho em agosto para 6,23%.
O rali recente na bolsa paulista tem como suporte o fluxo de capital externo, com uma entrada líquida de 7 bilhões de reais em agosto até o dia 21, estimulada principalmente pelo aumento das apostas na redução dos juros norte-americanos.
Nesta sexta-feira, Powell possivelmente eliminou qualquer dúvida que ainda pudesse pairar nas mesas de negociações ao afirmar que "chegou a hora de ajustar a política (monetária)" norte-americana.
"A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos", afirmou no tradicional simpósio de Jackson Hole.
Falando sobre as duas metas que o Fed é encarregado pelo Congresso de atingir, Powell disse que sua "confiança cresceu de que a inflação está em um caminho sustentável de volta para 2%", enquanto o desemprego está aumentando.
Na visão do economista Francisco Nobre, da XP, as apostas já sinalizavam que o Fed começaria o ciclo de flexibilização monetária na reunião de setembro, mas sem consenso se iniciando com um corte de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual.
"Nesse sentido, o discurso dele (de Powell) deixou essas duas possibilidades bastante em aberto", avaliou.
Para Nobre, dada a ênfase de Powell de que o Fed não vai tolerar um enfraquecimento adicional do mercado de trabalho, o próximo relatório de emprego, previsto para 6 de setembro, pode ser decisivo para consolidar as apostas sobre o ritmo do corte.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed se reunirá nos dias 17 e 18 de setembro para decidir sobre os juros, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%, com a decisão sendo conhecida no segundo dia do encontro.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 1,15%, enquanto o rendimento do título de 10 anos Tesouro dos EUA marcava 3,799% no final da tarde, de 3,862% na véspera.
DESTAQUES
- LOJAS RENNER ON saltou 7,32%, embalada pelo alívio na curva de DI na esteira das perpsectivas sobre o Fed, que beneficiou o setor de consumo com um todo, com o índice do segmento na B3 subindo 1,26%.
- COGNA ON avançou 7,52%, buscando apoio no clima positivo do mercado para alguma recuperação, uma vez que até a véspera acumulava um declínio de 12,5% em agosto. No setor de educação, YDUQS ON valorizou-se 6,51%.
- EZTEC ON fechou em alta de 6,93%, em sessão positiva para construtoras de modo geral dado o movimento nos juros futuros, com o índice do setor imobiliário na B3, que inclui empresas de shopping centers, avançando 3,39%.
- BRADESCO PN subiu 0,9%, com analistas do JPMorgan reiterando "overweight" para as ações e estabelecendo um preço-alvo de 20 reais para os papéis ao final de 2025, de 18 reais ao final de 2024.
- ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com decréscimo de 0,76%, enquanto BANCO DO BRASIL ON terminou com elevação de 0,75% e SANTANDER BRASIL UNIT avançou 1,03%.
- JBS ON recuou 3,81%, em dia de correção após o rali recente dos papéis na sequência da divulgação do balanço do segundo trimestre. No setor, BRF ON cedeu 2,02% e MARFRIG ON perdeu 0,61%. MINERVA ON subiu 2,58%.
- VALE ON fechou em baixa de 1,68%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou as negociações diurnas em queda de 2,24%, a 719,5 iuanes (100,81 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN caiu 0,62%, apesar do desempenho robusto dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent encerrou o dia negociado em alta de 2,33%.
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