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    Inflação de outubro é a maior para o mês em 18 anos

    IPCA registrou alta de 0,86% em outubro, maior alta para o mês desde 2002, quando foi de 1,31%, e também é a taxa mais elevada no ano, segundo o IBGE

    (Foto: ABR)
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    Camila Moreira, Reuters - Os preços dos alimentos voltaram a pesar com força bem como as passagens aéreas, e a inflação oficial brasileira seguiu em ritmo forte em outubro, marcando o resultado mais elevado para o mês em 18 anos.

    Em outubro, o IPCA acelerou a alta a 0,86%, de 0,64% em setembro, de acordo com os dados informados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O resultado marca a maior inflação para um mês de outubro desde 2002, quando foi de 1,31%, e também é a taxa mais elevada no ano.

    No acumulado dos 12 meses até outubro, o IPCA registrou avanço de 3,92%, contra 3,14% em setembro, e com isso fica praticamente no centro da meta para este ano, que é de 4% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

    As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,83% em outubro, acumulando em 12 meses avanço de 3,90%.

    O IBGE explicou que a maior variação e o maior impacto no índice do mês vieram do grupo Alimentação e Bebidas, cujos preços subiram 1,93%, embora tenham desacelerado sobre o avanço de 2,28% visto em setembro.

    Essa desaceleração se deveu principalmente a altas menos intensas em alguns alimentos para consumo no domicílio (2,57%), como o arroz (13,36% de 17,98% no mês anterior) e o óleo de soja (17,44% de 27,54%).

    Por outro lado, o avanço de 18,69% nos preços do tomate foi mais intenso do que em setembro, enquanto frutas (2,59%) a batata-inglesa (17,01%) subiram após recuo no mês anterior.

    “Isso tem a ver com a oferta desses produtos e também se dá por conta do dólar mais alto, que fomenta exportações e restringe o oferta aqui”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

    Tanto o pagamento do auxílio emergencial de combate ao coronavírus quanto o câmbio favorável às exportações vêm pressionando os preços dos alimentos, o que já levanta preocupações de uma alta mais disseminada dos preços.

    “O auxílio emergencial ajuda a sustentar os preços nesse patamar de inflação mais elevado”, completou Kislanov.

    Transportes, com alta de 1,19%, também exerceu impacto relevante em outubro depois que as passagens aéreas subiram 39,83%, sendo o maior impacto individual no índice geral.

    “A alta nas passagens aéreas parece estar relacionada à demanda, já que com a flexibilização do distanciamento social algumas pessoas voltaram a utilizar o serviço, o que impacta a política de preços das companhias aéreas”, completou Kislanov.

    Por sua vez, os custos de serviços subiram em outubro 0,55%, de uma alta de 0,17% em setembro.

    Outubro também marcou o maior índice de difusão do ano, de 68%, o que dá a ideia de que “a inflação não é só de alimentos. As altas estão mais espalhadas pelo IPCA”, segundo o gerente da pesquisa.

    O Banco Central reconheceu na semana passada uma pressão inflacionária mais forte no curto prazo, mas manteve sua mensagem de orientação futura e a porta aberta para eventual corte nos juros básicos à frente.

    Depois de manter a Selic em 2%, frisou que as projeções e expectativas de inflação seguem “significativamente” abaixo da meta para o horizonte relevante.

    De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a alta recente da inflação é temporária, minimizando a duração de todas as frentes de pressão identificadas para o avanço de preços na economia, mas frisou estar “obviamente” monitorando o movimento.

    O BC vê alta do IPCA de 3,1% em 2020 e 3,1% em 2021, enquanto o mercado calcula respectivamente avanços de 3,02% e 3,11% na mais recente pesquisa Focus.

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