Jean Paul Prates promete manter "dividendos robustos" da Petrobrás em 2023
Em discurso nesta quinta, o presidente Lula criticou duramente o 'megadividendo' anunciado pela Petrobrás, de R$ 215,7 bi, e afirmou que a empresa deve investir no país
Reuters - A Petrobrás terá ainda robustez no pagamento de dividendos aos seus acionistas em 2023, pois planeja registrar lucros à altura do auferido no último ano, mas os desafios a serem enfrentados serão ainda maiores, afirmou nesta quinta-feira o presidente da petroleira, Jean Paul Prates.
"São circunstâncias diferentes, é um desafio maior, até porque não vamos necessariamente sair vendendo ativos por decisões governamentais como foi feito antes, não vamos nos desfazer de refinarias ou de regiões inteiras simplesmente porque o governo quer", disse o executivo, ao participar de videoconferência com analistas sobre o resultado recorde da empresa em 2022.
"Onde houver oportunidade no território brasileiro ou até no exterior, nós vamos perseguir. E quem vai decidir isso não é um imperador, ou uma pessoa só, é o Conselho de Administração, é uma diretoria executiva competente, é um diálogo aberto inclusive com investidores e pessoas que acreditam na Petrobrás."
A companhia registrou lucro líquido recorde de 188,3 bilhões de reais em 2022, alta de 77% ante o ano anterior, principalmente devido à alta dos preços do petróleo Brent, melhor resultado financeiro e ganhos com acordos de coparticipação em campos da cessão onerosa.
Prates lembrou também que o ano de 2022 foi marcado por questões conjunturais de preços de petróleo, cujo mercado foi impulsionado inclusive pela guerra na Ucrânia e sanções à Rússia.
Ele comentou ainda que os resultados recentes da empresa também tiveram influência de uma retomada da economia pós-Covid e sinalizou que poderá haver uma mudança na dinâmica de importação de combustíveis do país.
IMPACTO DAS IMPORTAÇÕES
A adoção nos últimos anos pela Petrobrás de uma política de preços de combustíveis que segue a paridade de importação permitiu o surgimento de novos atores nas importações brasileiras, reduzindo o protagonismo da petroleira estatal no abastecimento nacional.
Prates, no entanto, sinalizou que isso pode mudar.
"O indicativo do governo que interferiu diretamente na Petrobrás era de que ela de fato abrisse espaço para a concorrência do importado e isso provavelmente vai mudar", afirmou.
"Não é que a gente vá fazer a política de preços do Brasil, eu insisto em dizer que isso é questão de governo, a Petrobrás tem a política comercial dela... Ela vai buscar as condições mais competitivas, e ela vai se defender quando for acusada de que está tirando esse ou aquele concorrente", afirmou.
Em sua primeira videoconferência sobre resultados trimestrais após tomar posse em janeiro, o presidente disse que a Petrobrás precisa estar preparada para a "inevitável" transição energética e quer ter um papel de liderança neste cenário de busca por uma economia de baixo carbono.
Mas enquanto isso focará na produção de petróleo do pré-sal para obter recursos fundamentais para aquele futuro, afirmou nesta quinta-feira o presidente da companhia, Jean Paul Prates.
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