Lula: os BRICS foram criados para ser um instrumento de ataque
Em entrevista exclusiva à TV 247, o ex-presidente Lula contou suas intenções quando participou da fundação do grupo de países e avaliou que eles poderiam estar mais fortes agora. “Eu imaginava um BRICS mais agressivo, mais proativo e mais criador”, afirmou. Assista
247 - O ex-presidente Lula falou à TV 247, em entrevista exclusiva aos jornalistas Mauro Lopes, Paulo Moreira Leite e Pepe Escobar na última quinta-feira 22, e avaliou diversos aspectos da política internacional, como sua visão a respeito do momento atual dos BRICS, grupo de mercados emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Diante do descaso de Jair Bolsonaro com a parceria entre brasileiros e chineses, Lula afirmou acreditar que o Brasil deveria estar se aproximando da China à mesma maneira que eles, chineses, se aproximaram da Rússia, em uma relação entre os dois países na qual têm como objetivo se estabelecer como aliados no cenário global.
O ex-presidente explicou que sua intenção ao mobiliar a criação dos BRICS era formar um grupo de países que pudessem, juntos, conquistar autonomia econômica e ajudar os países mais pobres.
“O BRICS não foi criado para ser um instrumento de defesa, mas para ser um instrumento de ataque. Para que a gente pudesse criar uma moeda própria para não ficar dependendo do dólar nas nossas relações comerciais, para criar o Banco de Desenvolvimento, que foi criado mas ainda está muito tímido, para criar uma coisa muito forte e para a gente ajudar no desenvolvimento da parte do mundo mais pobre”.
Lula ainda contou sobre o temor dos norte-americanos ao imaginar uma nova moeda que fosse criada pelo grupo. “Era essa a lógica da existência do BRICS, era fazer algo diferente, não ficar copiando. Os Estados Unidos tinham muito medo porque quando eu discutia esse negócio da moeda o Obama me telefonou dizendo: ‘vocês estão querendo criar uma moeda, um novo euro?’. Eu disse: ‘não, estou querendo apenas me livrar do dólar. Estou querendo apenas não ser dependente’”.
Lula também revelou sua decepção com o grupo ao dizer que esperava mais dos mercados emergentes. “Eu imaginava um BRICS mais agressivo, mais proativo e mais criador porque o mundo precisa de alguém. Já que tinha caído o império russo vamos criar um império democrático. Eu acho que nós avançamos, mas avançamos mais lentamente. Era para o BRICS estar muito mais forte agora”.
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