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    Lula pediu para Rubens Ometto deixar antessala de seu gabinete e cancelou audiência ao mapear boicote a Mantega na Vale

    O presidente da República revelou-se indignado com ataques coordenados pela Cosan, de Ometto, contra a indicação do ex-ministro da Fazenda para a direção da mineradora

    Guido Mantega e Lula (Foto: José Cruz/Agência Brasil | Divulgação/PT)

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    Por Luís Costa Pinto, do 247 em Brasília - Na quinta-feira 3 de agosto a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrava uma última audiência, às 15h, antes que ele se deslocasse para a posse do advogado Cristiano Zanin como ministro do Supremo Tribunal Federal: Rubens Ometto, um dos maiores empresários do País, referência do agronegócio, controlador do Grupo Cosan.

    Lula e Ometto se consideram “amigos”, apesar de já terem tido uma amizade mais calorosa em outros tempos. O dono da Cosan, um dos maiores produtores de açúcar e álcool do Brasil, investidor do setor de óleo e gás, esteve na proa do contratorpedeiro que em 2016 articulou o golpe do impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff. Foi também um feliz avalista dos tempos de Michel Temer na Presidência e se converteu em bolsonarista risonho e sem subterfúgios no curso da tragédia brasileira da qual fomos contemporâneos entre 2019 e 2022. Na campanha do ano passado, Ometto doou R$ 20 milhões de seu caixa pessoal à campanha de Jair Bolsonaro, que perdeu a tentativa de reeleição para Lula. O petista recebeu apenas 10% do volume doado ao adversário no caixa de campanha do PT. 

    No dia da posse de Zanin, o controlador da Cosan chegou ao gabinete presidencial depois de uma reunião razoavelmente extensa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a qual expôs genericamente seus planos de expansão empresarial e detalhou o porquê da relevância da mineradora Vale (ele detém 4% das ações da maior empresa privada brasileira) em seu portfólio. O controlador da Cosan, entretanto, deixou de contar a Haddad que a artilharia pesada contra Guido Mantega, ministro da Fazenda mais longevo no cargo em toda a História (ficou no posto entre março de 2006 e o novembro de 2014) partia de seu arsenal e era operada pelo exército mercenário que obedece a Rubens Ometto na mídia tradicional. O objetivo é impedir que Mantega ascenda ao Conselho ou à presidência da Vale indicado pela maioria dos controladores da mineradora. O fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, possui dois votos no Conselho de Administração e integra o bloco majoritário junto com o Bradesco, a siderúrgica Mitsui e conselheiros independentes. “Não vou recebê-lo”, decretou Lula, um minuto antes de sua secretária anunciar que Ometto estava em sua antessala. “Inventa uma desculpa e diz a ele que outro dia conversamos. E que sei o que ele está fazendo com o Guido”, determinou o presidente da República a um de seus ajudantes-de-ordens. Foi um frisson no gabinete presidencial. Rubens Ometto foi conduzido aos elevadores do 3º andar, pegou um deles, e caminhou em silêncio para fora do Palácio do Planalto. Até a tarde da terça-feira, 8 de agosto, o controlador da Cosan e o presidente da República, que já foram mais próximos e mais calorosos, não haviam voltado a se falar. Lula aguarda que sejam revogadas as oposições à ascensão do ex-ministro da Fazenda na Vale e que os jagunços de Ometto segurem suas baterias que promovem assassinatos de reputação.

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