Mercado financeiro erra 95% das previsões econômicas desde 2021, aponta levantamento
Especialistas e analistas falham em estimativas sobre inflação, câmbio, juros e Bolsa, com apenas um acerto em 20 projeções analisadas
247 - Um levantamento realizado pelo UOL revelou que o mercado financeiro errou 95% das previsões sobre a economia brasileira e o desempenho da Bolsa de Valores desde 2021. O estudo analisou as estimativas feitas por economistas, analistas e especialistas para indicadores como o Ibovespa, a taxa Selic, o PIB (Produto Interno Bruto), a variação do dólar e a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Os dados foram coletados a partir do primeiro boletim Focus de cada ano, publicado pelo Banco Central, e da pesquisa "LatAm Fund Manager Survey", do Bank of America, que ouve gestores de fundos que investem no Brasil.
A análise abrangeu os anos de 2021 a 2024, e os resultados mostram que, de 20 projeções analisadas, apenas uma se mostrou correta: a previsão de que o Ibovespa teria um bom desempenho em 2022. Nos demais casos, as estimativas falharam em prever cenários como a alta da Selic, a desvalorização do real frente ao dólar e a inflação acima do esperado.
Previsões para 2025: otimismo com cautela - Para 2025, o mercado aposta em um Ibovespa entre 110 mil e 140 mil pontos, com apenas 9% dos entrevistados prevendo o índice acima de 140 mil pontos. A taxa Selic é projetada em 15%, enquanto o PIB deve crescer 2,02%. O dólar, por sua vez, é estimado em R$ 6, e a inflação, medida pelo IPCA, deve fechar o ano em 4,99%. No entanto, considerando o histórico recente, essas projeções devem ser vistas com cautela.
Erros grosseiros e imprevisibilidade - Um dos erros mais significativos ocorreu em 2021, quando o mercado previu que a taxa Selic terminaria o ano em 3,25%, mas ela fechou em 9,25%. Outro exemplo foi a projeção para o dólar em 2024: esperava-se que a moeda americana terminasse o ano cotada a R$ 5, mas ela fechou em R$ 6,18, uma alta de 27,3%. Já a inflação, que deveria ficar em 3,90% em 2024, atingiu 4,83%, acima do previsto.
O único acerto: o Ibovespa em 2022 - A única projeção que se mostrou correta foi a de que o Ibovespa teria um bom desempenho em 2022. Na época, a maioria dos analistas previu que o índice ficaria abaixo dos 120 mil pontos, mas ele fechou o ano com alta de 4,69%, atingindo 109.735 pontos. Esse foi o único acerto em meio a uma série de erros que marcaram as previsões do mercado nos últimos anos.
Segundo Rafael Ribeiro, professor de economia da UFMG e pesquisador do Made (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades) da FEA/USP, as projeções são baseadas em modelos estatísticos que levam em conta dados históricos. No entanto, fatores imprevisíveis, como mudanças climáticas e eventos globais, podem comprometer a precisão das estimativas. "Todo mundo faz as projeções querendo acertar. Mas ninguém que prevê a inflação hoje sabe se vamos ter uma seca muito grande ou uma enchente como a do ano passado no Rio Grande do Sul", afirma Ribeiro.
Além da imprevisibilidade dos eventos externos, Ribeiro destaca que os modelos estatísticos são ajustados conforme a visão de mundo de cada economista. "Ou seja, um economista pode dar maior peso para um fator que outro profissional, conforme a visão de mundo de cada um", explica. Essa subjetividade pode levar a interpretações diferentes e, consequentemente, a projeções divergentes.
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