Mercado financeiro global já aponta "Brasil barato" e Lula como "salvador" do País
Tais colocações foram feitas pela consultoria internacional BCA e, de fato, a perspectiva de vitória de Lula já derruba a moeda americana
247 – Há cada vez maior entusiasmo do mercado financeiro internacional com a perspectiva de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022, segundo aponta a coluna do jornalista Vinicius Torres Freire, da Folha de S. Paulo. "'Is Lula Brazil’s Savior?', no original, é o título de um relatório publicado nesta semana pela consultoria internacional BCA, de matriz canadense, que orienta clientes sobre o que fazer com o dinheiro em mercados emergentes. Não, Lula não é", escreve o colunista. "Mas, para os estrategistas da BCA, dá para ganhar algum tutu se um Lula 'centrista' se eleger presidente, dado além do mais o fato de que o 'Brasil está barato'. Isto é, na média, as ações estão com valor baixo, considerado o histórico e os retornos das empresas. Os títulos de dívida estão baratos, outro modo de dizer que as taxas de juros estão altas", prossegue Torres Freire.
"O fato é que há gente razoável achando as taxas dos títulos de longo prazo vão cair (o preço dos títulos vai subir), oportunidade para uma boa tacada de especulação razoável. Em uma situação em que o descalabro financeiro (juros e dólar) era muito maior, foi o que gente esperta fez entre 2002, ano da eleição, e 2003, primeiro de Lula 1, enchendo as burras", prossegue. "Como Jair Bolsonaro tende a se tornar um 'pato manco' ou estaria à beira de tomar café frio, para usar a metáfora nacional, os donos do dinheiro estariam prestando mais atenção ao que Lula vai ou promete fazer. Por ora, Lula promete conciliação e moderação. Quanto mais assim for, mais dinheiro entraria."
Leia ainda reportagem sobre a queda do dólar no dia de ontem:
Agência Brasil – O dólar fechou ontem (9) no menor patamar em quase cinco meses, ameaçando perder um importante suporte técnico, com as vendas de moeda no Brasil ocorrendo em mais um dia de apetite por risco no exterior, que resultou em ganhos para a classe de ativos emergentes antes dos aguardados dados de inflação nos Estados Unidos (EUA), que serão divulgados na quinta-feira (10).
Como pano de fundo, o real teve suporte ainda de declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, que, para o mercado, endossou expectativas de mais altas de juros, ao dizer que a batalha contra a inflação está longe de ganha. Sem ser específico, Serra disse que, "por culpa nossa", a taxa de câmbio no Brasil depreciou mais do que em outros países no ano passado.
O dólar à vista caiu 0,64%, cotado a R$ 5,2269, menor valor para um encerramento de sessão desde o dia 13 de setembro do ano passado (R$ 5,2236).
De manhã, a moeda operou em alta, quando bateu a máxima do dia – R$ 5,2918 –, com valorização de 0,60%, mas, com a abertura dos mercados norte-americanos, que movimentam mais investidores estrangeiros, a formação da Ptax no começo da tarde e, sobretudo, a divulgação de fortes números de fluxo cambial depois das 14h30 (de Brasília), a cotação voltou a perder força, até tocar uma mínima de R$ 5,2134, com queda de 0,89%.
Números do Banco Central mostraram que o Brasil contabilizou em janeiro a maior entrada líquida de moeda estrangeira pelo câmbio contratado em cinco meses. E fevereiro já começou em ritmo forte, o que elevou os ingressos líquidos na virada do mês a US$ 8,181 bilhões, com domínio da conta financeira – por onde passa o dinheiro que recentemente tem migrado para mercados emergentes no geral.
Essa dinâmica reflete em parte investidores deixando ativos de mercados desenvolvidos (sobretudo as ações dos EUA, avaliadas como caras por algumas métricas) em busca de rendimentos e oportunidades em praças consideradas descontadas – -quesito em que o Brasil se destacou, dado o consenso de que o real operava muito desvalorizado ante os fundamentos e de que a bolsa brasileira estava barata.
O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, disse que o aumento maciço dos preços de commodities e dos termos de troca nunca foi precificado pelo real."O real se recuperou um pouco recentemente, mas a escala de desvalorização continua sendo a maior em todos os mercados emergentes. Nosso valor justo permanece em R$ 4,50 por dólar", disse no Twitter.
No atual patamar de fechamento, o dólar está à beira de romper um importante suporte técnico um pouco acima de R$ 5,22, movimento que, se confirmado de forma vigorosa, pode levar a moeda a níveis ainda mais baixos.
A taxa perto de R$ 5,22 corresponde a uma devolução de 61,8%, na chamada escala de Fibonacci (de análise técnica), da alta entre a mínima de junho e máxima de dezembro do ano passado, período em que a moeda teve sua última curva ascendente.
"Se a tendência persistir e levar o dólar abaixo de R$ 5,22, os próximos objetivos potenciais estariam em R$ 5,11, mínima de setembro passado, e a banda inferior do intervalo entre R$ 4,95 e R$ 4,89", disseram em relatório Kenneth Broux e Tanmay G Purohit, da área de análise técnica do banco francês Société Générale.
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