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    Não posso adiantar novos cortes da Selic, diz presidente do Banco Central

    Roberto Campos Neto, disse que é uma prerrogativa da autarquia mudar sua orientação futura sobre a taxa básica de juros

    Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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    Reuters - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira que não pode antecipar novos cortes na taxa de juros e afirmou que é uma prerrogativa da autarquia mudar sua orientação futura quando necessário.

    Campos Neto disse que a autarquia precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.

    “Temos inflação corrente, expectativas de inflação, do Focus e inflação implícita, cenário externo, tema geopolítico que está balançando, o que isso significa para o preço do petróleo, a gente tem o tema do que vai significar a reconstrução do Rio Grande do Sul, sobre a inflação, o crescimento. Não tem uma coisa só”, afirmou.

    O BC decidiu na semana passada reduzir o ritmo de afrouxamento monetário, cortando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,50% ao ano, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual. A decisão significou o abandono da orientação futura dada na reunião anterior do Copom, que previa um corte de 0,50 ponto neste mês.

    Campos Neto afirmou na entrevista que nunca avisou o governo sobre mudanças de orientação, algo que, para ele, é uma prerrogativa do BC autônomo.

    “Já teve muitas mudanças de ‘guidance’ -- estou aqui há quase seis anos -- e em nenhum momento passou pela minha cabeça ligar para o ministro Paulo Guedes para falar que eu achava que o ‘guidance’ ia mudar para A, B ou C”, disse. “Nunca fiz isso no governo anterior e com certeza não planejo fazer neste.”

    A decisão deste mês do Copom foi dividida, por 5 votos a 4, com os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tendo sido vencidos ao votarem pela manutenção do corte mais forte na Selic, de 0,50 ponto.

    Para Campos Neto, é importante passar a mensagem de que a reunião da autoridade monetária é técnica e opiniões divergentes fazem parte do processo.

    Ele disse que tem reuniões individuais com cada um dos diretores para discussões.

    “Sinto o clima, mas nem sempre consigo extrair o voto. Desta vez, vários diretores disseram que estavam em dúvida. Mas o grosso do debate é no dia. A pergunta é se o fato em si, de ter a divisão, poderia afetar o mercado de forma diferenciada. Sim, isso foi discutido”, afirmou.

    Segundo ele, o colegiado debateu os possíveis efeitos da divisão e entendeu que era importante cada diretor seguir com a sua opinião, e que a divisão poderia ser explicada com o tempo.

    “A reunião foi baseada em aspectos técnicos”, disse.

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