Nestlé compra Kopenhagen e deve acelerar abertura de lojas no Brasil

Reuters – A Nestlé está adquirindo uma participação majoritária na fabricante de chocolates premium brasileira Grupo CRM, anunciou o grupo suíço de alimentos nesta quinta-feira, em sua busca por expansão no setor de confeitaria de luxo.

O Grupo CRM opera mais de 1.000 boutiques de chocolate no Brasil sob as marcas Kopenhagen e Brasil Cacau e tem uma presença crescente online, de acordo com a Nestlé. A empresa suíça está adquirindo a participação da empresa de private equity Advent International, mas se recusou a divulgar detalhes financeiros do acordo, que deverá ser concluído em 2024.

Na quarta-feira, o site Brazil Journal informou que a Nestlé pagaria cerca de 3 bilhões de reais ($602,78 milhões) pela empresa, enquanto o jornal local Valor Econômico estimou o valor em 4,5 bilhões de reais ($904,18 milhões).

Renata Moraes Vichi, CEO do Grupo CRM, permanecerá no cargo e continuará sendo acionista minoritária após a aquisição.

Essa aquisição faz parte da estratégia da Nestlé, conhecida por marcas como Kit Kat, Aero e Smarties, de expandir sua presença no segmento de chocolates super premium, onde tem uma oferta limitada que inclui a marca italiana Baci. Nos primeiros seis meses de 2023, as vendas de produtos de confeitaria da Nestlé aumentaram 10,8% em termos orgânicos, excluindo aquisições e variações cambiais. Além disso, o lucro operacional de negociação subjacente da empresa melhorou em 70 pontos-base, chegando a 14,5%.

O fabricante suíço de chocolates de luxo Lindt & Spruengli também teve um desempenho sólido recentemente, com aumento nas vendas de 10,1% no primeiro semestre de 2023 e um salto de 38% no lucro operacional.

"Esta aquisição amplia e fortalece ainda mais nossa presença em confeitaria no Brasil, permitindo-nos entrar no segmento de alto padrão", afirmou Laurent Freixe, CEO da Nestlé para a América Latina.

As barras de chocolate da marca Kopenhagen da CRM são vendidas por 29,90 reais brasileiros ($6,01), enquanto uma caixa de chocolates tem um preço médio de cerca de 130 reais.

Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, disse que o acordo parecia incomum à primeira vista, dada a ênfase da Nestlé em seus negócios de café, pet care e nutrição, mas faz sentido. "A Nestlé tem um negócio de chocolate no Brasil, então pode integrar a produção, resultando em sinergias, enquanto a categoria de chocolate premium, como a Lindt mostrou, é um negócio muito, muito decente se você acertar", explicou.

A aquisição marca um movimento estratégico da Nestlé para ampliar sua participação no mercado de chocolates de alto padrão, capitalizando o crescente interesse dos consumidores brasileiros por produtos de qualidade e sabor refinado.