"Ninguém está passando fome no mercado": Gleisi critica reação do mercado à PEC da Transição
"Aumentar despesa com juros não tem problema, mas pelo Bolsa Família tem problema?", questionou a presidente do PT, em declaração forte
247 - A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), adotou um tom forte ao comentar a reação do mercado à apresentação da PEC da Transição e ao discurso do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em encontro com representantes da sociedade civil na COP27 nesta quinta-feira (17). Nesta manhã, o mercado abriu com o dólar superando R$ 5,50.
Gleisi afirmou a Andréia Sadi, do g1, que o governo Lula não abrirá mão de suas promessas de campanha para agradar ao mercado financeiro. "Esse pessoal não vai mudar o que fizemos na campanha. Não vamos fazer estelionato eleitoral. Para de mimimi. Esse mercado é uma vergonha, ninguém está passando fome no mercado".
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Ela ainda disse que Jair Bolsonaro (PL), durante a campanha no segundo turno, prometeu “coisa pior” do ponto de vista dos gastos públicos, mas o mercado ignorou.
A parlamentar sugeriu que o mercado, se quiser implementar sua agenda econômica no Brasil, lance uma candidatura e vença as eleições. “Já sabiam que ia acontecer. Nós e Bolsonaro dissemos na campanha. Bolsonaro prometeu coisa que nem podia fazer. Óbvio que [o Bolsa Família] é extratexto, vamos parar com essa palhaçada. Se quer fazer sua agenda, bota nome na praça e vai buscar voto. Eles [o mercado financeiro] estão especulando. Quer dizer que aumentar despesa com juros não tem problema, mas pelo lado do Bolsa Família tem problema? Eles que vão buscar voto, por que não se manifestaram durante a campanha? Não estamos na década de 90 que mercado é todo poderoso. Vergonhoso”.
A minuta da PEC da Transição, apresentada na quarta-feira (16) pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), prevê "excepcionalizar" do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança, sem um prazo determinado. Também consta na proposta uma autorização para que parte das receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de R$ 23 bilhões.
Na COP27, Lula voltou a criticar o teto de gastos e minimizou as reações do mercado: "não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social. Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência. O dólar não cai por conta de pessoas sérias, mas dos especuladores. O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social".
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