TV 247 logo
    HOME > Economia

    Parte do Copom vê afrouxamento mais lento nos juros se incerteza permanecer, mostra ata

    Copom reiterou que antevê redução de 0,50 ponto percentual na Selic apenas “na próxima reunião”, não mais "nas próximas reuniões", como vinha afirmando

    Banco Central do Brasil (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Reuters - Alguns componentes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliam que pode ser necessária uma redução no ritmo de cortes dos juros básicos caso as incertezas se mantenham elevadas à frente, mostrou a ata da última reunião do colegiado.

    O documento divulgado nesta terça-feira apontou maior preocupação com uma possível pressão de salários sobre os preços no Brasil, também citando maior incerteza sobre a dinâmica de queda da inflação doméstica e sobre fatores do ambiente externo.

    “Alguns membros argumentaram ainda que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”, informou o BC no documento.

    O Copom reiterou que sua diretoria antevê redução de 0,50 ponto percentual na Selic apenas “na próxima reunião”, não mais "nas próximas reuniões", como vinha afirmando em encontros anteriores.

    Na última quarta-feira, o Copom anunciou a sexta redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, encurtando sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas.

    O encurtamento da orientação futura, associado à apresentação do cenário mais incerto, foi interpretado por analistas como uma comunicação mais dura do BC, o que influenciou uma elevação de juros futuros no dia seguinte à reunião.

    Na ata, a autarquia reafirmou que seu cenário base para a política monetária não se alterou substancialmente, mas, diante das incertezas, considerou apropriado ter maior flexibilidade para suas decisões.

    "Ainda que a comunicação já contivesse uma condicionalidade embutida, avaliou-se que não trazia a flexibilidade requerida. Além disso, argumentou-se que uma retirada tardia, possivelmente vista como uma promessa não cumprida, deveria ser evitada", afirmou.

    De acordo com o documento, o Comitê unanimemente concluiu que o cenário mais incerto reduzia o benefício da sinalização futura e elevava seus custos, reforçando que a alteração na comunicação "se dava por uma mudança na incerteza e não no cenário base".

    "Tal alteração reflete tão somente uma análise de custo-benefício da utilização desse instrumento adicional de política monetária", disse, destacando que seria um equívoco interpretar a mudança na sinalização como uma indicação de alteração do ciclo de política monetária compatível com o cenário base.

    PRESSÃO DE SALÁRIOS - O Copom ainda afirmou ter debatido em profundidade o mercado de trabalho, avaliando que os aumentos salariais observados podem estar ligados, em alguma medida, a pressões nessa área.

    Segundo a ata, alguns diretores observaram que a recuperação da produtividade em 2023 ocorreu primordialmente no setor agropecuário, sugerindo que os rendimentos pressionados de forma disseminada devem ser explicados por um fechamento do hiato do produto - espaço que a atividade tem para crescer sem pressionar a inflação.

    "O Comitê demonstrou maior preocupação com possíveis efeitos da ampliação de ganhos reais no período mais recente e da aceleração de crescimento observada nos dados referentes à massa salarial sobre a dinâmica prospectiva da inflação de serviços", disse.

    Ainda na análise sobre o ritmo da alta de preços no país, o BC disse que o cenário está mais incerto, com a recorrência de surpresas inflacionárias na inflação de serviços, em particular em itens menos voláteis e intensivos em trabalho, o que "suscita dúvidas sobre a velocidade da desinflação".

    "O fortalecimento do processo desinflacionário, agora em seu segundo estágio, estará mais relacionado ao cenário do mercado de trabalho e da demanda agregada", afirmou.

    Em relação à atividade, o Copom notou que o maior apetite na oferta de crédito, a redução dos juros e o relaxamento das condições financeiras sugerem um "cenário mais auspicioso" para o investimento no Brasil ao longo de 2024.

    "Os dados de atividade divulgados reforçam a percepção de um cenário marcado por resiliência na atividade econômica, mas não houve alteração substancial sobre o cenário de crescimento", disse.

    No ambiente externo, a ata apontou que a redução de volatilidade em países emergentes contrasta com a conjuntura internacional que segue volátil, citando incertezas sobre a redução da inflação nos Estados Unidos e desafios como conflitos geopolíticos, mercado de trabalho aquecido e impactos fiscais sobre a demanda.

    "O Comitê discutiu, sob uma perspectiva global, as funções de reação de política monetária das principais economias, o papel dos preços relativos entre bens e serviços, a relação entre o mercado de trabalho e a inflação, a interação entre política monetária e fiscal e, por fim, o ciclo financeiro global e aversão a risco", disse.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: