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    ‘Poder bancário terá menor importância’, diz Márcio Pochmann

    Professor disse que economia brasileira não consegue caminhar com 'próprias pernas’ e propôs transição digital e alinhamento com o oriente; veja vídeo na íntegra

    (Foto: Pedro França - Agência Senado)
    Gisele Federicce avatar
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    Por Camila Alvarenga, no Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta sexta-feira (03/09), o jornalista Breno Altman conversou com o professor de Economia da Unicamp Márcio Pochmann sobre o futuro econômico do Brasil. 

    Para o especialista, não só o Brasil não está se recuperando economicamente, como o cenário poderia ser ainda pior, com inflação, aumento da taxa de juros e apagões devido ao preço abusivo da conta de luz. Segundo ele, o "curtoprazismo" da economia brasileira impede que “caminhe com as próprias pernas”.

    Ele ponderou que é impossível olhar para o avanço econômico do país sem repensar o papel do Estado, sobretudo no que diz respeito a uma transição digital. “Cerca de 40% da população depende do orçamento público, mesmo com Bolsonaro. O Estado poderia reduzir seus custos, poderia realizar uma reforma tributária digital. A dificuldade que vejo é que estamos num deserto de novas ideias, olhando para o passado, achando que o Brasil é o mesmo”, disse.

    Isso, porque, em sua concepção, a independência tecnológica se relaciona à soberania do país: “É possível considerar o Brasil uma nação autônoma? Sem os EUA não temos telecomunicações, agora imagina um hospital sem internet. Me parece essencial construir um GPS nacional para romper com o processo neocolonial”.

    A partir daí, ele reforçou que outras reformas estruturais poderiam ser feitas, por exemplo a bancária. “No plano da economia digital, o poder bancário tende a ter importância menor. A presença de criptomoedas, por exemplo, desmobiliza o poder dos bancos. Uma nova realidade se abre”, refletiu.

    Governos petistas e novo governo de esquerda

    Do ponto de vista prático, Pochmann analisou as políticas econômicas do Partido dos Trabalhadores e ponderou sobre novas medidas que deveriam ser adotadas por um novo governo de esquerda.

    Para ele, o programa petista focado no mercado interno foi abatido pela decadência dos EUA como principal potência econômica mundial. Pensando nisso, o cenário atual não é o mesmo de 2003, com novas potências. Assim, um novo governo de Lula poderia optar por alianças com a China ou mesmo com os BRICS, mas sempre focando “numa transição para a economia digital e a reconstituição do sistema de tecnologia”.

    Para ele, mesmo que não se torne um parceiro, a China deve servir de referência: "Nosso horizonte é híbrido, temos que usar as bases do capitalismo tal como os chineses fazem. O capitalismo tem bases úteis e o Brasil, um potencial desperdiçado. O Brasil pode fazer algo parecido com o que faz a social-democracia na Europa", argumentou.

    Com relação às medidas adotadas por Michel Temer e Bolsonaro, como o teto de gastos e a regra de ouro, Pochmann afirmou que falar em sua revogação se trataria de um “debate empobrecido”.

    “Tudo isso se dá na parte da gestão, cada um faz a gestão de um jeito na democracia, com mais ou menos austeridade, mas não está colocada aí a questão do desenvolvimento”, criticou.

    Assim, os dois grandes problemas do Brasil, na visão do professor, são a questão do financiamento e a ausência de tecnologia. Ele voltou a reforçar que, para solucioná-los, o Brasil deve mirar para o exterior. 

    “Estamos na década da desaparição do dólar e do dinheiro, como vamos caminhar nessa realidade? A nossa capacidade como potência na produção primária, construindo uma base de agregação de valor, é válido no âmbito dos BRICS. Mas o nosso desenvolvimento real deve olhar para o oeste”, reiterou.

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