Presidente da Comissão Europeia viaja para cúpula do Mercosul em sinal de avanço de acordo comercial histórico
Ursula Von der Leyen viajou para o Uruguai com forte expectativa de concluir o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, segundo diplomatas
247 - O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que levou 25 anos para ser negociado, pode ser finalmente anunciado entre esta quinta-feira (5) e sexta-feira (6).Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou ao Uruguai no que foi visto como um sinal de que o entendimento entre os dois blocos é iminente. O acordo inclui a abertura de mercados e deverá ter um forte impacto geopolítico, embora o tratado não tenha atendido totalmente às expectativas dos exportadores sul-americanos.
Diplomatas ouvidos pela reportagem confirmaram que Von der Leyen só embarcou após avaliar que as chances de um acordo eram quase certas. Sua visita, portanto, eleva as expectativas de que um anúncio oficial seja feito durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, que começa nesta quinta-feira. A agenda inclui uma reunião com o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, que deve reforçar o avanço das negociações.
Embora o entendimento tenha sido dificultado por impasses ao longo dos anos, especialmente devido a questões ambientais e de setores sensíveis, como saúde e educação, os quatro países fundadores do Mercosul já aprovaram o texto do acordo. Isso reflete uma posição comum inédita, apoiada tanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto pelo mandatário argentino de extrema direita Javier Milei.
Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o Mercosul e a UE chegaram a um acordo preliminar, mas o Brasil cedeu em pontos estratégicos, como a abertura do setor de saúde e educação em compras governamentais, o que limitou os benefícios do tratado para o país. Já em 2023, o presidente Lula exigiu uma revisão, conseguindo excluir áreas como as licitações do SUS, protegendo a indústria farmacêutica nacional. No entanto, a resistência europeia sobre critérios ambientais manteve o acordo suspenso.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou que a cúpula do Mercosul é uma das últimas chances para que o pacto seja concretizado, destacando que a conclusão seria uma vitória tanto para os europeus quanto para os países do Mercosul. No entanto, a Itália ainda pressiona por mudanças no capítulo agrícola do tratado, enquanto o governo da França enfrenta uma crise interna que pode complicar sua posição nas negociações.
Embora o acordo traga vantagens comerciais, como a abertura do mercado europeu para produtos agrícolas brasileiros como carnes, etanol e açúcar, ele também impõe limites, com cotas específicas para cada setor, como as 60 mil toneladas de carne com acesso livre de tarifas. O impacto geopolítico, no entanto, é o que mais chama a atenção, especialmente em um momento de crescente protecionismo global impulsionado por figuras como o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Se o acordo for adiante, a sua ratificação ainda precisará passar pelo Conselho da Europa e pelo Parlamento Europeu, o que poderá exigir um trabalho político intenso, especialmente para superar a oposição de países como França e Polônia.
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