'Se o mercado financeiro tiver memória, vai lembrar o quanto ganhou com Lula', diz Guilherme Mello
Apesar disso, ressalta o economista ligado ao PT e Lula, 'não estamos preocupados com propostas que agradem ou desagradem a Faria Lima'
247 - O economista Guilherme Mello, apontado pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como um dos responsáveis por aconselhar o ex-presidente Lula (PT) em assuntos econômicos, afirmou que o petista não precisa de uma nova 'Carta ao Povo Brasileiro' para "acalmar o mercado". Segundo Mello, "se o mercado financeiro tiver um pouco de memória, vai lembrar o quanto ganhou no governo de Lula".
Mello, que esteve à frente da campanha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) à Presidência da República em 2018, atualmente coordena um grupo de cerca de 90 pessoas que participam da elaboração de uma proposta econômica para o eventual terceiro governo Lula.
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Ao Metrópoles, Mello afirmou que o mercado não precisa temer a volta de Lula, mas que o foco do petista não são os mais ricos. "A nossa preocupação não é agradar ou desagradar o mercado financeiro. Não falo pelo Lula, mas estou pensando no debate dos economistas do partido e ligados à Fundação Perseu Abramo“.
"Nossa preocupação é construir propostas alternativas que possam ser úteis e importantes para um novo modelo de desenvolvimento e que dialogue com o que há de melhor e mais atual sendo discutido no mundo, que dialoguem com as necessidades do Brasil, com a realidade do país, onde o povo está passando fome. A gente não está preocupado com uma proposta que agrade ou desagrade a Faria Lima", disse.
O economista também falou contra o teto de gastos, que já foi alvo de críticas do próprio ex-presidente e da deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT.
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De acordo com Mello, há consenso entre economistas ligados ao PT em relação à inadequação do arcabouço fiscal brasileiro. "A realidade mostra que reduzir o investimento se tornou inadequado. Na verdade, você tem que recuperar a capacidade do país crescer, gerar emprego formalizado para seus trabalhadores, gerar receitas. Aí você consegue, a partir desse movimento, encontrar formas, com investimentos corretos e de boa qualidade, com alto impacto na geração de emprego e renda com efeito multiplicado".
"Desta forma é que se conseguirá encontrar um equilíbrio fiscal mais adequado que combine estabilização da dívida pública e até mesmo redução de dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) com crescimento econômico, geração de emprego, distribuição de renda. Foi o que aconteceu no período do Lula. Agora, para isso, tem que ativar o circuito de investimento público", disse.
Segundo o economista, é também consenso a necessidade de se retomar o investimento público. "Obviamente, quem poderia responder o que esperar de um futuro governo do Lula é o próprio Lula. Até porque é ele que vai ser o novo presidente e vai comandar um movimento político, uma coalizão política ampla para que tenha sustentação. Agora, o que eu posso dizer é que há também um consenso, um acordo generalizado sobre a necessidade de recuperação do investimento público e do papel do Estado como indutor do crescimento"
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