Tanure desiste da compra da Amil: "estudamos e declinamos"
Ao 247, o empresário afirmou que não irá participar da disputa pelo grupo Amil, um dos gigantes da saúde suplementar no Brasil
Por Joaquim de Carvalho – O empresário Nelson Tanure, que atua no setor de saúde por meio da rede de laboratórios Alliar, e está presente em vários setores da economia com empresas como Prio (petróleo), Light (energia) e Gafisa (construção), afirmou ao 247 que não irá participar da disputa pelo controle da Amil, operadora de saúde que foi colocada à venda pelo grupo estadunidense United Health Group. "Eu não estou interessado", disse ele. "Estudamos e declinamos", acrescentou. Questionado sobre eventual recuperação judicial da empresa, Tanure, que já utilizou o instrumento em algumas de suas aquisições, disse que a lei que rege operadoras de saúde não permite essa possibilidade.
Com prejuízos anuais acima de R$ 2 bilhões, em razão da crise no mercado de saúde suplementar, a Amil foi colocada à venda pelo grupo estadunidense e terá de ser vendida de forma integral, sem a separação de ativos bons e deficitários, como já foi tentado no passado pela UHG. O processo está sendo acompanhado de perto pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque envolve um setor sensível da economia, com forte repercussão social. Autoridades regulatórias já sinalizaram que não gostariam de ver a empresa, com milhões de clientes, cair em mãos de fundos financeiros, com mentalidade de curto prazo, e não em poder de grupos vocacionados para a assistência de saúde.
A despeito da crise, a Amil ainda é uma das maiores empresas de planos de saúde e odontológicos do Brasil, com 31 hospitais, 28 clínicas e 5,4 milhões de usuários, com forte presença na classe média, e faturamento anual estimado em cerca de R$ 27 bilhões.
Com a saída de Tanure, a Amil passa a ser disputada por cinco potenciais compradores: a família do fundador Edson Bueno (falecido em 2017), que vendeu a empresa à UHG e controla os laboratórios Dasa, o empresário José Seripieri Júnior, que fundou a Qualicorp e a QSaúde (ambas já vendidas), o fundo Bain Capital, o fundo Advent e o fundo Coruja Capital, do empresário Marcio Schettini (ex-Itaú). Estima-se que o negócio, quando concluído, movimentará uma cifra entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
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