De crises a conquistas: Adriana Barbosa destaca impacto da Feira Preta no empreendedorismo negro
Com as vendas de produtos e serviços de afroempreendedores, o Festival movimentou mais de R$15 milhões diretamente, destaca a empreendedora à TV 247
Beatriz Bevilaqua, 247 - Segundo dados do Sebrae, a população negra representa 51% dos empreendedores brasileiros, mas ainda são os que mais enfrentam dificuldades para gerir seus negócios. No episódio desta semana no “Empreender Brasil”, na TV 247, a entrevistada é Adriana Barbosa, criadora do Festival Feira Preta - um espaço de resistência, celebração e empoderamento da comunidade negra, onde reúne diversos artistas e empreendedores negros expoentes no Brasil e de outros países da América Latina.
Ao longo de 20 anos, mais de 250 mil pessoas, 7 mil artistas e 3 mil empreendedores passaram pelo evento. Ao todo, com as vendas de produtos e serviços de afroempreendedores, o Festival movimentou mais de R$15 milhões diretamente. “O Festival Feira Preta é um lugar onde podemos ser quem desejamos, existir sem medo, ser e nos reconhecermos abundantes”, celebra Adriana.
Em entrevista, a empreendedora compartilha que foi educada por um matriarcado, uma geração de mulheres que trabalhavam como empregadas domésticas. Quando faltava dinheiro em casa, sua avó, uma senhora com mais de 80 anos, criava produtos para complementar a renda. Ela fazia coxinhas gigantes e a própria Adriana vendia nas ruas, em seguida o negócio se aperfeiçoou com marmitex de comida caseira.
“Na fase adulta, quando fiquei desempregada, recorri à sabedoria da minha avó. Ela sempre dizia: ‘Você tem mãos e o que sabe fazer?’ Minha avó, ao abrir a despensa, tinha peito de frango e farinha de trigo. Ela sabia cozinhar, e suas redes de apoio eram a família e a vizinhança. No início, eu vendia roupas, acessórios e brincos, sem muita noção de empreendedorismo, e montei um brechó. Participava de feiras de rua, e dessa experiência surgiu a ideia de criar a Feira Preta. Eu via pessoas como eu querendo sobreviver usando a criatividade”, explica Adriana.
No final da década de 90, a Vila Madalena, um bairro de São Paulo, era conhecida por seu ambiente hipster, com uma forte presença de design, música e criatividade. Foi nesse cenário que ela começou a vender seus produtos, frequentar baladas de música negra e observar o deslocamento de pessoas negras das regiões periféricas para ouvir música nesta região. Havia uma população negra atuando na cadeia produtiva, mas os donos das casas noturnas eram homens brancos.
“Isso me incomodava, pois sabíamos que estávamos produzindo e consumindo, mas o dinheiro não permanecia em nossas mãos. Foi então que surgiu o desejo de criar a Feira Preta, com o intuito de trazer o potencial negro valorizando nossos conhecimentos em gastronomia, moda, design e decoração, para que o dinheiro circulasse entre nós. Começamos com 40 empreendedores e mais de 5 mil visitantes. Com o tempo, a feira cresceu e em nossa última edição recebemos mais de 60 mil pessoas”, disse Adriana.
Na entrevista ela compartilha os desafios, fracassos e os modelos de negócios criativos que tem acompanhado nos últimos anos. Hoje a população negra brasileira é responsável por fazer girar cerca de R$1,46 trilhão na economia.
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