Empreendedorismo inclusivo cresce e transforma comunidades sub-representadas no Brasil

247 - O empreendedorismo inclusivo consolidou-se em 2024 como uma poderosa ferramenta de transformação social no Brasil, alcançando comunidades historicamente sub-representadas. Essa análise foi compartilhada pela gerente nacional de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae, Geórgia Nunes, em entrevista à Agência Sebrae de Notícias. Segundo ela, o avanço reflete a força de iniciativas voltadas a grupos como quilombolas, indígenas, pessoas LGBTQIA+ e outros públicos vulneráveis.

Entre os principais resultados, destaca-se o crescimento de 22% no número de pequenos negócios em comunidades quilombolas e de 15% em projetos de empreendedorismo sustentável liderados por indígenas. Negócios encabeçados por pessoas LGBTQIA+ também registraram aumento significativo de 18%, especialmente nos setores de tecnologia e economia criativa. “Queremos incluir ainda mais empreendedores nas políticas públicas porque o Sebrae acredita que a diversidade é fundamental para a inovação e, consequentemente, para a competitividade dos negócios em nosso país”, afirmou Geórgia.

Para ampliar esse impacto, em 2025 será concluída uma pesquisa inédita realizada pelo Sebrae em parceria com o Datafolha e o Pacto Global das Nações Unidas. O estudo busca mapear e propor soluções específicas para a comunidade LGBTQIA+, permitindo a criação de políticas públicas mais eficientes, melhoria no acesso a crédito e aumento na formalização de negócios. “Nós temos usado a segmentação dessas diversas categorias da sociedade para orientar as ações mais assertivas para cada uma. E para medir, para mensurar os avanços em cada um desses grupos”, complementou a gerente.

Planos para 2025: mais capacitação e mentorias comunitárias

O Sebrae projeta um aumento de 30% na cobertura de capacitações para comunidades rurais e urbanas vulneráveis em 2025. A estratégia inclui parcerias com organizações da sociedade civil, governos locais e empresas para facilitar o acesso a mercados, insumos e financiamento. O uso de tecnologia será um diferencial, com iniciativas de transição digital para pequenos negócios em comunidades diversas.

Outro ponto de destaque será o desenvolvimento de mentorias comunitárias, nas quais empreendedores bem-sucedidos desses grupos poderão compartilhar experiências e inspirar novos negócios. Essa metodologia já é aplicada pelo programa Sebrae Delas, que desde 2019 apoia empreendedoras femininas. Em 2024, o programa ganhou o reforço do Acredita Delas, que facilita o acesso a crédito por meio do aval do Fampe para 100% do valor nas operações financeiras.

“A partir dessa experiência, o Sebrae quer contemplar as necessidades específicas de crédito para os demais públicos atendidos pelo empreendedorismo inclusivo. Então, estamos estudando a implementação de iniciativas semelhantes para quilombolas, indígenas, pessoas negras, periféricas e com deficiência também”, revelou Geórgia.

Quebra de barreiras e desafios para o futuro

Apesar dos avanços, o acesso ao crédito desburocratizado continua sendo o principal desafio. Muitos empreendedores enfrentam dificuldades devido à informalidade ou à falta de garantias financeiras. Para superar essas barreiras, o Sebrae aposta na ampliação de formações adaptadas às realidades culturais e econômicas de cada público. O uso de metodologias acessíveis e infraestrutura digital permanente também está no radar.

“É necessário um alinhamento maior entre os diferentes níveis de governo – federal, estadual, municipal – para criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento desses empreendimentos. Essas pessoas não podem mais ser invisibilizadas, nem sub-representadas”, avaliou Geórgia.

Com ações integradas e foco na diversidade, o Sebrae busca fortalecer o empreendedorismo inclusivo como um motor de transformação econômica e social no Brasil, promovendo inovação, competitividade e inclusão em comunidades que antes estavam à margem das oportunidades.