Indústria de games ganha apoio institucional para capacitação e expansão internacional

247 - O mercado global de games deve atingir uma receita de US$ 187,7 bilhões até o final de 2024, representando um crescimento anual de 2,1%. Diante desse cenário promissor, o Brasil desponta como um polo importante de desenvolvimento, atraindo cada vez mais atenção de jogadores, investidores e criadores. O Sebrae, atento a esse movimento, aposta em planos estratégicos para capacitar e impulsionar pequenos negócios do setor.

Segundo Eúde Cornélio, gestor nacional de TIC e Games do Sebrae, a instituição está construindo dois planos — um estratégico e outro tático — com foco em capacitação, networking e fortalecimento da governança local e nacional. "Estamos reforçando nosso papel como ponte entre empreendedores, investidores e mercados, unindo esforços para que o Brasil esteja preparado para competir globalmente. É uma abordagem que alia visão estratégica a ações práticas, alinhada com as tendências do setor e as necessidades regionais", afirma Cornélio.

Desafios e oportunidades

De acordo com um levantamento da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games (Abragames), mais de 50% das desenvolvedoras brasileiras têm 70% do seu faturamento proveniente de mercados internacionais. Para Raquel Gontijo, gerente de Relações Institucionais da Abragames, é essencial que os desenvolvedores estejam preparados para os desafios competitivos globais.

"É fundamental que esses profissionais cheguem a feiras de negócios e mesas de negociação preparados, com estratégias de marketing bem estruturadas. Isso faz toda a diferença em um cenário altamente competitivo", explica Raquel. Além da criação de jogos, a gerente destaca a importância de habilidades administrativas, gerenciais e de liderança. "Gerenciar um projeto de games vai muito além do desenvolvimento técnico. É preciso compreender o mercado como um negócio sustentável", completa.

Da criação ao mundo: o exemplo da Behold Studios

Fundada em 2009 em Brasília (DF), a Behold Studios se tornou referência nacional e internacional com jogos como Knights of Pen & Paper e Chroma Squad. Atualmente sediada no Canadá, o estúdio continua mantendo forte conexão com o público brasileiro.

"O Brasil é nossa segunda maior região de impacto. Fizemos questão de manter nossos jogos acessíveis e relevantes para o público brasileiro, além de investirmos fortemente em marketing local", conta Hugo Vaz, sócio-fundador da Behold. A mudança para Toronto, segundo Hugo, foi motivada pela facilidade de captação de investimentos e pela maturidade do mercado canadense.

Apesar dos desafios, Hugo acredita que o mercado brasileiro tem boas condições para novos desenvolvedores começarem. "Temos mais faculdades, conhecimento acessível online e uma comunidade mais engajada. Mas a competitividade também aumentou muito, com dezenas de lançamentos diários", avalia.

Perspectivas futuras

Para Raquel Gontijo, o mercado de games brasileiro amadureceu consideravelmente nos últimos cinco anos, com produções mais enxutas e focadas em qualidade. Essa evolução, segundo ela, se alinha naturalmente ao perfil criativo dos desenvolvedores brasileiros.

Entre as iniciativas do Sebrae para apoiar o setor está o programa Crie Games, que oferece workshops gratuitos e aceleração de estúdios iniciantes. No entanto, Hugo Vaz ressalta que ainda há desafios a serem superados. "Os jogos precisam ser encarados com mais seriedade pelos investidores e pelo governo. A regularização da profissão e programas de carreira são passos importantes para consolidar o setor no país", finaliza.