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    Médica democratiza acesso à psiquiatras com plataforma inclusiva

    Espaço Abra propõe filtrar profissionais com base em características identitárias e queixas específicas, com valores abaixo da média do mercado

    Médica Maria Esther, fundadora do Espaço Abra, e dois sócios Nina Van Riet e Henrique Valentim (Foto: Divulgação )

    Beatriz Bevilaqua, 247 - O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mais de 18 milhões de brasileiros sofrem com transtornos de ansiedade, mas a maioria segue sem tratamento. A precariedade da saúde mental no país evidencia um abismo social entre quem pode pagar por consultas e quem não tem acesso. Para discutir soluções, entrevistamos a médica Maria Esther, fundadora de uma plataforma que busca democratizar o acesso à psiquiatras no Brasil.

    "Comecei minha formação em psiquiatria aqui no Rio de Janeiro. Foi quando iniciei os atendimentos que passei a conhecer os problemas e desafios do mercado da saúde mental", conta Maria Esther. Ela destaca que o acesso a consultas, especialmente em psiquiatria, enfrenta grandes obstáculos. "Hoje, há locais da rede pública onde um paciente pode esperar mais de um ano por uma consulta com especialista. Escutava relatos frequentes dos meus pacientes sobre a demora e as dificuldades. Muitos me diziam que quando finalmente eram atendidos, o médico só renovava a medicação sem nem olhar para o próprio paciente”, lamenta.

    No mercado particular, a situação também é desafiadora. "O valor médio de uma consulta psiquiátrica em grandes centros pode chegar a R$800. Isso cria barreiras significativas para quem precisa de atendimento", aponta a médica. Ela também menciona dados que refletem a desigualdade na distribuição de profissionais: "O Norte do Brasil, por exemplo, conta com apenas 2% dos psiquiatras do país. Essa disparidade mostra o quanto precisamos de soluções que unifiquem e facilitem o acesso”.

    Durante a pandemia de Covid-19, Maria Esther percebeu o potencial das consultas online. "Meu primeiro trabalho como médica foi monitorando casos remotamente. Descobri que conseguimos resolver grande parte dos problemas de acesso por meio do atendimento online."

    Dessa experiência nasceu a ideia de criar uma plataforma que não apenas conectasse pacientes e profissionais, mas também valorizasse a identificação e o conforto no atendimento. "Entendemos que algumas vivências demandam escutas específicas. Por exemplo, uma mulher pode se sentir mais confortável sendo atendida por outra mulher. Ou alguém da comunidade LGBT pode preferir ser atendido por um profissional que compreenda sua realidade."

    A plataforma, batizada de Abra, propõe-se a "dar o match" ideal entre pacientes e profissionais, promovendo atendimentos mais personalizados e inclusivos. "A Abra nasceu para encurtar distâncias e proporcionar a melhor escuta possível aos pacientes, a partir dos desafios que observei na prática", explica a médica.

    Para isso, ela propõe não apenas tornar os serviços mais acessíveis, mas também contar com uma equipe diversificada de profissionais que compreendam o contexto e as vivências de cada paciente. Isso inclui desde mulheres que buscam psiquiatras que também sejam mães até aqueles que necessitam de especialistas em geriatria. Além disso, é crucial ter profissionais com uma escuta sensível a pautas minoritárias, como questões raciais, LGBTQIA+, xenofobia e desafios enfrentados por brasileiros no exterior.

    Além de estarem mais vulneráveis a desordens emocionais como depressão e ansiedade, a comunidade enfrenta preconceitos, estigmas e falta de compreensão dos profissionais de saúde sobre as necessidades específicas desse grupo. Outro exemplo grave de violência é o racismo estrutural brasileiro, que se manifesta em diversas áreas da vida de um indivíduo. 

    “Após dois anos de trabalho árduo, criamos o Espaço Abra, uma plataforma robusta focada em conectar pacientes a psiquiatras. O nome foi escolhido para representar um espaço de acolhimento, onde é possível filtrar profissionais com base em características identitárias, garantindo o match perfeito entre paciente e médico”, afirma Maria Esther. Além disso, também há a possibilidade de filtros ainda mais específicos de acordo com a queixa do paciente, como depressão, ansiedade, bipolaridade e fobias diversas.

    O Espaço Abra é fruto da parceria entre Maria Esther e dois sócios com vasta experiência em inovação e startups. Henrique Valentim, ex-gestor de comunidade no Cubo, tem uma carreira marcada pela promoção da diversidade e inclusão em empresas de tecnologia, enquanto Nina Van Riet, uma belga expatriada, traz consigo a experiência de um programa de acolhimento mental que integra os pacientes ao convívio social em sua cidade natal. Geel é conhecida mundialmente pela forma singular como cuida de pessoas com desafios mentais: a enfermagem familiar. A própria UNESCO reconheceu o programa como um patrimônio imaterial em 2023. 

    Maria Esther ressalta que o Espaço Abra visa ser uma referência em psiquiatria humanizada, com tratamento de alta qualidade e projetos sociais que ampliem o acesso à saúde mental. “Estamos buscando parcerias para expandir nossas iniciativas sociais”, destaca. Atuando em um modelo B2C e com planos de expansão para B2B, a empresa se posiciona como uma startup de impacto que democratiza o acesso à saúde mental, priorizando o acolhimento. 

    Assista a entrevista na íntegra:

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