Percentual de famílias endividadas cai e melhora perspectivas para pequenos negócios
Pesquisa da CNC aponta queda no endividamento das famílias, enquanto especialistas veem oportunidades para o consumo e desafios com crédito restrito
247 - O endividamento das famílias brasileiras registrou nova queda em janeiro, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O levantamento revela que 76,1% das famílias estavam com algum tipo de débito, representando uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais na comparação com janeiro do ano passado. A diminuição do endividamento pode indicar um maior equilíbrio financeiro, o que beneficia diretamente o comércio e os pequenos negócios, setores impulsionados pelo aumento da renda disponível para consumo.
Para o coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Bevilaqua, esse cenário pode criar um ambiente mais favorável para o varejo e estimular os empreendedores. “Quando os consumidores conseguem equilibrar melhor suas finanças, há um potencial de acréscimo nas vendas de estabelecimentos que oferecem produtos e serviços essenciais ou de valor agregado, por exemplo. Esse ambiente de maior confiança pode incentivar os empreendedores a investirem em inovação, atendimento diferenciado e estratégias de marketing que fidelizem os clientes”, avalia.
Apesar da melhora no endividamento geral, a pesquisa mostra que 20,8% das famílias destinaram mais da metade da renda ao pagamento de dívidas, o maior índice desde maio de 2024. Além disso, o percentual de inadimplentes caiu levemente, de 29,3% em dezembro para 29,1% em janeiro. Já a parcela dos que não têm condições de pagar o que devem recuou de 13% para 12,7% no mesmo período. O cartão de crédito segue como a principal forma de endividamento, sendo utilizado por 83,9% dos devedores.
Bevilaqua destaca que, apesar da redução do endividamento, os juros elevados e as condições de crédito ainda impõem desafios para consumidores e empresários. “A redução do percentual de famílias endividadas pode estar, em parte, relacionada à melhora do cenário econômico, onde o crescimento do PIB e a geração de empregos contribuem para o aumento da renda disponível. Entretanto, esse efeito não é absoluto, pois os juros elevados e as condições de crédito restritas também influenciam fortemente o comportamento dos consumidores”, pontua.
Entre as iniciativas que auxiliam na recuperação financeira, o especialista do Sebrae cita o programa Acredita, do governo federal, que tem entre seus parceiros a entidade. “Ao oferecer capacitação, orientação para a reestruturação financeira e acesso a condições de crédito mais favoráveis, esses programas auxiliam os empreendedores a melhorar a gestão dos seus negócios e a renegociar dívidas, tornando-os mais resilientes. Esse suporte fortalece a saúde financeira dos pequenos negócios e, consequentemente, melhora a percepção geral do ambiente econômico, tanto entre os empresários quanto entre os consumidores”, explica.
O Sebrae tem desempenhado um papel ativo no Acredita, facilitando o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito. Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), instituições financeiras em todo o país oferecem recursos viabilizados pelo aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae. Esse montante deve permitir a liberação de R$ 30 bilhões em operações de crédito nos próximos três anos. Além da intermediação financeira, o Sebrae também fornece orientação aos empreendedores, desde a tomada de crédito até a quitação do empréstimo.
Para os pequenos negócios, a recomendação é adotar uma gestão financeira rigorosa e buscar alternativas que reduzam a dependência do crédito. “É fundamental que os empreendedores mantenham uma gestão financeira rigorosa, busquem diversificar suas fontes de receita e continuem acompanhando as condições do mercado”, finaliza Bevilaqua.
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