Sebrae amplia crédito para micro e pequenas empresas e prevê R$ 10 bilhões em 2025

247 - O Sebrae, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), pretende viabilizar R$ 10 bilhões em operações de crédito para empresários em 2025. A iniciativa faz parte do programa Acredita, do governo federal, que estimulou um crescimento de 70% na utilização do fundo no ano passado e tem como meta atingir R$ 30 bilhões até 2026. Para estruturar essa ampliação, representantes das unidades estaduais do Sebrae estão reunidos em Brasília até esta quarta-feira (26).

Segundo Valdir Oliveira, gerente de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, a estratégia inclui uma abordagem proativa na preparação dos empreendedores para a obtenção de crédito. “Nosso trabalho aqui é criar uma trilha pré-crédito. Qualificar, com os nossos dados, os nossos produtos, a fim de estimular os bancos a utilizarem o Sebrae como ferramenta na oferta de crédito. As unidades estaduais devem assumir esse protagonismo porque conhecem os empreendedores lá na ponta para apoiá-los”, afirmou.

O plano para 2025 prevê, além da expansão do crédito, a realização de 300 mil atendimentos para orientar empresários antes da tomada de empréstimos. Também estão em estudo novas linhas de financiamento específicas para diferentes segmentos. O Sebrae Nacional deve ainda investir cerca de R$ 150 milhões no Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDIC) e no Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Participações (FIP).

Cenário econômico e desafios para os pequenos negócios

Durante o evento, João Paulo Travasso Maia, analista sênior do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), apresentou um panorama da economia brasileira para 2025. Ele destacou um cenário de cautela, com a taxa básica de juros (Selic) projetada em 15% ao ano, inflação em 5,6% e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 2%, abaixo do registrado em 2024.

Apesar dos desafios, Maia avalia que há oportunidades a serem exploradas. “Quando olhamos para a inadimplência, é bem claro que as empresas estão devendo à estrutura de negócios. O Desenrola Pequenos Negócios foi um grande passo, mas precisamos avançar, pois eles têm dívidas com o comércio, com as indústrias e as utilities (água, luz, internet)”, observou. Segundo ele, é essencial solucionar o problema da inadimplência para que os recursos liberados sejam direcionados à expansão dos negócios, e não apenas ao fluxo de caixa.

O analista também apontou a necessidade de uma abordagem específica para os empreendedores mais jovens, além de um foco maior no setor de Serviços, que tem sido o principal demandante por crédito. “Precisamos nos reinventar para nos comunicarmos com essas pessoas, para evitar que caiam na inadimplência”, afirmou. Ele acrescentou que o consumo tem migrado para experiências, fortalecendo esse setor. “Se a gente focar nele, podemos ter um crescimento e uma melhora na economia”, concluiu.

Programa Acredita e a ampliação do acesso ao crédito

O Sebrae tem atuado em parceria com o governo federal no programa Acredita para ampliar o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito. Com um aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae ao Fampe, diversas instituições bancárias passaram a oferecer financiamentos com maior respaldo, garantindo melhores condições para os empresários.

A meta é viabilizar R$ 30 bilhões em operações de crédito até 2026. Além do suporte financeiro, o Sebrae oferece orientação aos empreendedores durante todo o processo de captação, desde a análise da necessidade do crédito até a liquidação dos empréstimos. A expectativa é que, com essas medidas, mais negócios consigam acesso a financiamentos estruturados, contribuindo para o fortalecimento do setor e a geração de empregos.