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      "A esquerda precisa se unir para vencer": o dilema da esquerda equatoriana no segundo turno

      Correístas buscam alianças para enfrentar Daniel Noboa e superar divisões históricas

      (Foto: Reuters | Divulgação )
      Dafne Ashton avatar
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      247 - A recente eleição presidencial no Equador revelou um cenário de acirrada polarização entre a esquerda correísta e a direita representada pelo atual presidente Daniel Noboa. Em meio a um contexto latino-americano marcado por crises na direita e reação da esquerda, a candidata Luísa Gonzalez surpreendeu ao avançar ao segundo turno, desafiando as expectativas iniciais. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o jornalista Lucas Berti, do Giro Latino e do The Brazilian Report, analisou o cenário eleitoral equatoriano e os desafios para o desfecho da disputa em 13 de abril.

      "Foram dias de notícias muito ruins para a direita no continente", avaliou Berti, citando a crise na Argentina sob o governo de Javier Milei e os escândalos envolvendo o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No Equador, o desempenho de Gonzalez reanimou o correísmo, reduzindo a diferença entre os dois principais candidatos para menos de 18 mil votos em determinado momento.

      A chave para uma eventual vitória da esquerda será a capacidade de construir alianças estratégicas, especialmente com o movimento indígena, representado pelo terceiro colocado, Leónidas Iza, do partido Pachakutik. "Apesar de Iza ser uma liderança dos movimentos indígenas, que historicamente se alinham à esquerda, existe um histórico de ruptura entre Correa e esses grupos, sobretudo por questões ambientais", explicou Berti. Essa divisão remonta às políticas de exploração de recursos naturais durante o governo Correa, amplamente criticadas pelas lideranças indígenas.

      A tensão entre correístas e movimentos indígenas se manifestou em trocas de acusações nas redes sociais. "Correa criticou Iza por não se posicionar claramente em um momento crucial para a política equatoriana, enquanto Iza respondeu que o correísmo negligenciou as demandas dos povos indígenas", relatou Berti. A disputa pelo apoio de Iza é estratégica: seus votos no primeiro turno somaram cerca de 500 mil eleitores, um contingente decisivo em um pleito tão equilibrado.

      Enquanto a esquerda busca reaproximação com os indígenas, Daniel Noboa intensifica sua guinada à direita. Apesar de ter se apresentado inicialmente como um candidato de centro, ele rapidamente adotou uma agenda ultraconservadora, com foco em segurança e alianças com os Estados Unidos. "Noboa consultou assessores ligados ao ex-presidente salvadorenho Nayib Bukele para implementar medidas de combate ao crime", destacou Berti, evidenciando o endurecimento da postura do atual presidente.

      Com o segundo turno se aproximando, a disputa se intensifica e cada voto se torna crucial. Para a esquerda, a necessidade de negociar alianças é urgente. "A esquerda precisa se unir para vencer", enfatizou Berti, sintetizando o desafio do correísmo. Caso consiga unificar as forças progressistas, Luísa Gonzalez pode encerrar o ciclo de governos conservadores no Equador. Caso contrário, Noboa consolidará sua permanência por um mandato completo de cinco anos, aprofundando sua agenda de direita. Assista: 

       

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