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    "A queda de Assad é um marco na reconfiguração geopolítica do Oriente Médio", diz Breno Altman

    O jornalista Breno Altman analisa situação na Síria

    (Foto: Brasil247 | Reuters)

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    247 - Em uma análise realizada em seu programa no Opera Mundi, o jornalista Breno Altman examinou as consequências geopolíticas da queda de Bashar al-Assad na Síria. Segundo Altman, a ofensiva liderada pela coalizão militar islâmica Hay'at Tahrir al-Sham (HTS) culminou na tomada de Damasco em 8 de dezembro de 2024, encerrando 24 anos de governo de Assad. A campanha militar começou em 27 de novembro, partindo de Idlib, no noroeste do país.

    Avanço Militar e Queda de Damasco

    A ofensiva iniciou em Idlib, província controlada pelo HTS, e rapidamente se expandiu para Alepo, Hama e Homs, culminando na queda da capital, Damasco. A operação durou apenas 11 dias, desmantelando um regime estabelecido em 1970 por Hafez al-Assad, pai de Bashar. A resistência das forças sírias foi mínima, resultado de anos de desgaste econômico, militar e social.

    "O governo de Assad já estava enfraquecido por anos de guerra civil, sanções internacionais e pressão militar contínua", explicou Altman. "Quando o HTS iniciou sua ofensiva, o colapso era apenas uma questão de tempo."

    A Rússia e o Irã, principais aliados de Assad, não intervieram diretamente, limitando-se a apoio logístico ao governo sírio até sua queda. Segundo Altman, isso se deveu ao enfraquecimento das relações entre Assad e seus aliados tradicionais, especialmente após tentativas de aproximação do governo sírio com o Ocidente nos últimos anos.

    Reconfiguração Geopolítica

    A derrocada de Assad alterou significativamente a balança de poder no Oriente Médio. A Turquia emergiu como principal patrocinadora da ofensiva, articulando uma aliança entre o Exército Nacional Sírio e o HTS. Essa aproximação temporária permitiu a vitória sobre Assad e reforçou a posição turca na região.

    "A Turquia soube se aproveitar do vácuo de poder e formou uma aliança estratégica que resultou na queda do regime", destacou Altman. "Isso a posiciona como uma potência regional decisiva."

    Por outro lado, Israel aproveitou a instabilidade e ampliou sua ocupação além das Colinas de Golã, bombardeando bases militares sírias estratégicas. O Irã e o Hezbollah, prejudicados pela perda de um corredor logístico vital, enfrentam agora desafios significativos para manter sua influência regional.

    "A retirada parcial de forças iranianas e russas deixou o governo Assad vulnerável a ofensivas externas, especialmente de Israel", analisou Altman.

    Perspectivas de Futuro

    Embora o HTS tenha liderado a derrubada de Assad, a formação de um governo estável na Síria ainda é incerta. Lutas internas entre grupos islâmicos, curdos e o Exército Nacional Sírio são altamente prováveis. A Turquia e a Arábia Saudita disputam influência sobre as forças vitoriosas, enquanto Rússia, Irã e China tentam se reposicionar.

    "O futuro da Síria será marcado por uma disputa intensa entre potências regionais e internacionais", previu Altman. "A estabilidade está longe de ser alcançada."

    Especialistas alertam que o cenário lembra o colapso da Líbia após a queda de Muammar Gaddafi. A possibilidade de uma nova guerra civil na Síria permanece alta, enquanto o futuro do Oriente Médio depende das alianças e confrontos que emergirem nas próximas semanas.

    Impacto Global

    O novo panorama coloca desafios também para os Estados Unidos e seus aliados europeus. Embora tenham historicamente apoiado forças contrárias a Assad, o avanço descontrolado de grupos islâmicos e a ascensão da Turquia podem complicar seus interesses estratégicos.

    "Os Estados Unidos estão diante de um dilema: apoiar antigos aliados ou conter o avanço da Turquia e seus novos parceiros", apontou Altman.

    Conclusão

    A queda de Assad encerra uma era na Síria, mas inaugura uma nova fase de incertezas. A disputa por controle territorial, a reorganização geopolítica e os interesses das potências globais e regionais determinarão se o país será palco de mais conflitos ou se encontrará uma solução política sustentável. A única certeza é que o Oriente Médio, uma vez mais, está em ebulição. Assista: 

     

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