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    “Banco Central do Brasil é primitivo e inerte”, afirma Paulo Nogueira Batista Júnior

    Economista critica juros elevados, autonomia do BC e acordo Mercosul-União Europeia

    (Foto: ABR | Brasil247)
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior fez duras críticas ao Banco Central do Brasil, à sua autonomia e à política monetária atual. Ele também comentou sobre o recente acordo Mercosul-União Europeia, que classificou como "lamentável", e expressou preocupação com o futuro da economia brasileira diante das atuais condições.

    “O Banco Central é muito passivo em certas áreas. Ele não atua no mercado futuro de juros, deixando os juros serem estabelecidos pela livre ação dos agentes econômicos, leia-se pelo trabalho coordenado de uma minoria de grandes investidores, bancos e esforços”, afirmou. Segundo Paulo, ao contrário de países como Estados Unidos, Japão e Europa, onde os bancos centrais operam ativamente em toda a curva de juros, o Brasil se limita a fixar a taxa de curto prazo.

    Paulo destacou que essa inércia foi agravada pela autonomia do Banco Central, concedida em governos anteriores. “Essa captura dessa estrutura pelo mercado privado se agravou com a autonomia do Banco Central, como se previa”, criticou, mencionando ainda que a atual gestão segue presa a metas de inflação e superávit primário "ambiciosas demais".

    Ao ser questionado sobre a meta de inflação, sugeriu que uma revisão deveria ter sido feita no início do atual governo. "Agora é tarde, porque se ele [o governo] faz isso agora, dá sinal de tolerância à inflação, o que repercutiria muito mal”, explicou, lembrando que defendeu uma meta de 4% desde o início da gestão Lula.

    Impacto dos juros altos

    Sobre o aumento recente da taxa Selic para 12,25%, Paulo previu consequências negativas para a economia e a população. “A inflação vai ceder um pouquinho, mas a economia, que vinha crescendo mais, deve desacelerar”, avaliou. Ele apontou que essa política prejudica o mercado de trabalho e o crescimento econômico.

    Paulo Nogueira também criticou a falta de ações no mercado cambial. “Por que o Brasil tem 350 bilhões de dólares em reservas para ficar assistindo passivamente os agentes de mercado impulsionarem o dólar para cima?”, questionou, sugerindo que o governo poderia usar instrumentos tradicionais, como a emissão de títulos indexados ao câmbio, para conter o avanço do dólar.

    Críticas ao acordo Mercosul-União Europeia

    Paulo Nogueira reservou palavras duras para o acordo entre Mercosul e União Europeia, recentemente finalizado. “O resultado é lamentável. Estamos completando com esse acordo o processo de desindustrialização iniciado por Collor e continuado com Fernando Henrique”, disparou. Ele criticou a liberalização do mercado brasileiro para produtos europeus, que favorece indústrias estrangeiras em detrimento da nacional.

    O economista também destacou as restrições impostas pelos europeus ao agronegócio brasileiro. “As cotas são pequenas, restritivas. Esse é um acordo assimétrico”, concluiu. Segundo ele, o governo Lula, em vez de rejeitar o acordo herdado de Bolsonaro, tentou remendá-lo, mas sem grande êxito. “É o mundo dos importadores, dos rentistas e dos financistas”, lamentou.

    Perspectivas para 2025

    Paulo Nogueira  apontou que, a partir de janeiro de 2025, com a troca da presidência do Banco Central, não haverá mais a "desculpa" de Roberto Campos Neto. No entanto, expressou ceticismo sobre grandes mudanças sob o comando de Gabriel Galípolo. “Ele terá que construir gradativamente uma mudança de rumos”, afirmou, cobrando maior firmeza do governo.

    Por fim, Paulo Nogueira destacou que o Brasil enfrenta desafios internacionais cada vez maiores. “Nós precisamos nos preparar para um período de grandes dificuldades internacionais. O Brasil não pode continuar se diminuindo”, alertou, reforçando a necessidade de audácia e espinha dorsal nas decisões econômicas e políticas. Assista: 

     

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