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    “BC chancela as expectativas de mercado e não toma uma posição clara contra a especulação”, diz economista

    O economista Pedro Faria explica as causas da alta do câmbio e critica a postura do mercado e do Banco Central

    (Foto: ABR | Divulgação)
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    247 - Na entrevista concedida ao programa Boa Noite 247, o economista Pedro Faria analisou a atual disparada do dólar, que chegou a seis reais e vinte centavos, e apresentou suas visões sobre as tensões econômicas enfrentadas pelo Brasil. Segundo ele, esse aumento não tem fundamento nos dados econômicos do país e reflete, principalmente, um "conflito de interesses" entre o governo e o mercado financeiro.

    "Eu sei que final de ano, muitos retiram recursos que estavam aplicados no país. O governo às vezes é obrigado a fazer entradas no mercado, vendendo o dólar, como está fazendo agora, mas não nesse contexto, que não existe país do mundo que está assim", disse Pedro Faria. Para ele, a especulação é um fator determinante para a desvalorização do real, uma vez que o Brasil mantém uma balança comercial positiva e boas reservas cambiais, fatores que tradicionalmente ajudam a estabilizar a moeda.

    Faria destaca que a volatilidade do mercado cambial brasileiro é uma das mais altas do mundo, uma consequência da "discordância de interesse" entre o governo e os agentes financeiros. "O governo é um governo de frente ampla que inclui a esquerda, e os agentes do mercado financeiro não estão satisfeitos com o governo não ter atendido suas demandas", afirmou.

    A especulação no mercado cambial tem sido usada como uma forma de pressão política, apontou o economista. "O mercado traduz os interesses dele no câmbio, desvalorizando a moeda porque sabe que a economia brasileira é vulnerável à volatilidade cambial, o que causa muita inflação", explicou. Para ele, a posição do Banco Central e as decisões do presidente Roberto Campos Neto têm sido um fator que agrava a situação, pois "ele chancela as expectativas de mercado e não toma uma posição clara contra a especulação."

    Faria ainda mencionou as diferenças no comportamento do próximo presidente do Banco Central, Galípolo, em relação a seu antecessor, destacando que "Galípolo não chancela as opiniões mais estapafúrdias do mercado", o que ele acredita ser uma diferença crucial para a política econômica do governo.

    Sobre a política monetária do governo Lula, Faria criticou as ações do Banco Central em relação à taxa de juros, que não têm sido adequadas para conter a alta do dólar. "Não adianta fazer leilão de dólares enquanto o presidente do Banco Central fala que a situação está ruim e o mercado já está agindo de forma irracional", disse, enfatizando que uma ação decisiva e alinhada entre as autoridades monetárias e econômicas é fundamental para controlar a crise cambial.

    Em relação à atuação do governo, Faria afirmou: "Nessas condições, o governo está fazendo muito", destacando que, apesar das limitações impostas pela especulação e pelas pressões externas, o governo tem conseguido avançar em alguns aspectos da economia. "A tendência é que a economia se normalize, mas teremos que navegar na tempestade por algum tempo", concluiu, sugerindo que a adoção de uma meta de inflação mais realista e medidas mais firmes de controle da especulação poderão ser essenciais para a recuperação econômica. Assista:

     

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