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    Bolsonaro foi o principal porta-voz do discurso de ódio no Brasil, diz Manuela d'Ávila

    Ex-deputada avalia que discurso de ódio anti-esquerda surgiu com preconceitos existentes na sociedade e, após Bolsonaro, se virou contra todos que não compactuaram com intolerância

    Manuela D'Ávila e Jair Bolsonaro (Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
    Guilherme Paladino avatar
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    247 - Em entrevista à TV 247, a ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PCdoB), nomeada para presidir o Grupo de Trabalho (GT) que vai discutir estratégias de combate ao discurso de ódio no País, descreveu a evolução do discurso de ódio no Brasil e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) serviu como o principal porta-voz para consolidar este processo na sociedade.

    A jornalista afirmou que os responsáveis pelo surgimento do discurso de ódio da forma como é feito hoje no Brasil, há mais de dez anos, "sempre souberam dos efeitos concretos" de tal prática e que se aproveitavam de preconceitos existentes na sociedade: "eles sempre souberam pelo simples fato de que, além do algoritmo e do modelo de negócio, existem centrais de produção e distribuição de desinformação e conteúdos de ódio. O mecanismo é comum: é sempre a notícia falsa com o conteúdo que desperta as paixões preconceituosas de determinados segmentos da sociedade".

    "Não é à toa que o primeiro alvo foi o Jean Wyllys, um homem gay. A deputada Maria do Rosário, uma mulher corajosa. Não é por nada que Marielle foi executada e a sua vida várias vezes tirada - ela virou esposa de traficante no mundo da desinformação; isso ocorreu porque ela é uma mulher lésbica, negra, poderosa", acrescentou.

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    A presidente do GT também apontou que o longo processo de consolidação do discurso de ódio no Brasil foi intensificado com a chegada de Bolsonaro ao poder: "o que vivemos hoje é o ápice de um processo que começou e foi estimulado pelo governo. E aí é uma outra situação, porque além dos interesses das centrais construídas de distribuição e desinformação, nós tínhamos um governo proporcionando isso permanentemente e com seu principal porta-voz o presidente da República".

    A jornalista avaliou que, a partir da institucionalização do discurso de ódio, os alvos passaram a não mais ser apenas os grupos sociais afetados por algum preconceito enraizado na sociedade, mas qualquer opositor político que não compactuasse com a narrativa extremista que crescia no país.

    Por este motivo, o GT criado no dia 22 conta com nomes como os da antropóloga Débora Diniz, a jornalista Patrícia Campos Mello, a influenciadora Lola Aronovich, o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) João Cezar de Castro Rocha, o professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Gherman, o youtuber Felipe Neto, entre outros.

    "Esses são alguns dos nomes que têm trajetórias que acabaram se vinculando ao enfrentamento do discurso de ódio porque tudo aquilo que existe na esfera pública e que não compactuava com discurso de ódio passou a ser alvo da intolerância e da violência", explicou Manuela.

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