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    Daniel Cara: “a institucionalidade vai abandonar o bolsonarismo”

    Bolsonaro tenta agora não perder as ruas, afirma o professor da USP

    Daniel Cara e Jair Bolsonaro (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado | REUTERS/Adriano Machado)

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    247 - Em entrevista à TV 247, o professor da USP Daniel Cara analisou o cálculo político que Jair Bolsonaro (PL) fez ao não se manifestar por 44 horas após a derrota para o presidente eleito Lula (PT). De acordo com o cientista político, o atual chefe do Executivo teve e terá perdas na parte da institucionalidade, mas manteve a sua base ativa e engajada nas ruas.

    "A postura de Bolsonaro o prejudicou em relação à institucionalidade. Bolsonaro tem um mérito de compreensão política: a hegemonia se disputa na sociedade, e não no jogo institucional. Então ele vai para o jogo da sociedade. E só tem dois políticos que disputam a sociedade brasileira: Lula e Bolsonaro. Na primeira luta entre os dois, Lula saiu vencedor. Então isso gera ao Bolsonaro um recado claro e amargo", declarou Daniel ao introdzir o assunto.

    "Em relação à questão institucional, às demoras e à dificuldade para ele falar sobre a derrota, isso tudo foi planejado. Porque se ele declara a vitória do Lula, ele desmobiliza a sociedade e perde a rua. Ele vai perder todos os parlamentares que não são "raiz." Ele vai ter que aguentar fazer política, por exemplo, com uma figura como a Carla Zambelli, com figuras mais próximas do Roberto Jefferson do que do Arthur Lira. Então a institucionalidade vai abandonar o bolsonarismo. Agora, o grupo ideológico da rua ele não pode perder, e ele tem total consciência disso", acrescentou o professor.

    Daniel avaliou que as movimentações de Bolsonaro foram calculadas para manter-se vivo no 'jogo da sociedade': "E é para esse grupo (os eleitores radicais) que ele está falando. Vamos supor que esse grupo seja de 5 a 15% da sociedade brasileira. Isso é muita gente. E a partir daí ele vai continuar reconstruindo a família dele. Ele vai tentar, como o Trump, se manter como a liderança da extrema-direita e continuar tensionando a sociedade brasileira. Então não dá para descartar o Bolsonaro e o bolsonarismo, mas que ele sai enfraquecido, ele sai."

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