"Dirceu faz falta à política, tem noção dos caminhos para a esquerda", diz Florestan Fernandes Jr.
A decisão de Gilmar Mendes sobre José Dirceu reacende debates sobre perseguição política, operação Lava-Jato e o impacto de Dirceu no cenário nacional
247 - O jornalista e comentarista Florestan Fernandes Jr. analisou a recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, impostas durante a Operação Lava-Jato. Durante uma participação no programa Boa Noite 247, Florestan destacou a importância de Dirceu para a esquerda brasileira e a trajetória de luta que, segundo ele, foi interrompida por perseguições judiciais orquestradas. "Dirceu faz falta à política, ele tem a noção dos caminhos que a esquerda precisa tomar", afirmou Fernandes, ressaltando o histórico de José Dirceu e o papel essencial que desempenhou nos governos petistas.
A anulação das condenações de José Dirceu, assim como as acusações do processo conhecido como "mensalão", voltam ao debate público após uma série de decisões judiciais que questionam a integridade das investigações lideradas pelo ex-juiz Sérgio Moro. Segundo Florestan, essas investigações teriam sido conduzidas "com métodos nada republicanos", configurando o que chamou de um "jogo de cartas marcadas". Fernandes enfatizou que muitos jornalistas, incluindo ele, ficaram "estarrecidos com a falta de apuração" de uma mídia que, conforme disse, “apostou no 'lawfare' e em políticas de condenação antecipada para os membros dos governos do PT".
José Dirceu, figura central do Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação, foi condenado a mais de 23 anos de prisão na Lava-Jato por acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, sendo um dos nomes mais associados ao escândalo. Florestan relembrou o impacto da prisão e das sentenças, mencionando como, segundo o jornalista, elas foram vistas como parte de uma estratégia para impedir que o então governo Lula se consolidasse politicamente. "Eu conheço Dirceu há décadas, desde 1980, e sei da luta dele por uma sociedade mais justa e igualitária", afirmou Fernandes.
Florestan ainda fez questão de apontar que, para muitos, Dirceu foi um alvo explícito na política brasileira. Em suas palavras, o jornalista contou que em 2003, em Brasília, ouviu diretamente de setores da oposição que "a pessoa mais importante do governo Lula não era o presidente, mas José Dirceu, que deveria ser ‘abatido’". Essa visão, afirmou, levou a uma "perseguição jamais vista" no país, com foco em figuras-chave para o PT. Para Florestan, Dirceu foi um dos mais notórios exemplos de articulação política da esquerda brasileira, "com uma visão precisa dos caminhos que a esquerda deve seguir".
A expectativa de Fernandes e de boa parte da audiência do Boa Noite 247 é de que a decisão de Gilmar Mendes seja definitiva e que Dirceu possa, eventualmente, voltar à política. Em sua análise, Florestan argumenta que a ausência de Dirceu é uma lacuna na articulação política do campo progressista, especialmente no enfrentamento de questões como a fome e a inclusão social. O jornalista ressaltou que a figura de Dirceu representava uma força política que, nas suas palavras, foi minada para abrir espaço a uma "extrema direita que trouxe danos significativos ao país durante o governo de Bolsonaro".
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