Greenhalgh: “Lula deveria fazer um pronunciamento em rede nacional denunciando a trama do golpe
Advogado relembra defesa de presos políticos, alerta sobre ameaças à democracia e critica resposta institucional às tentativas de golpe no Brasil
247 - Na véspera de receber o Prêmio Franz de Castro R. White da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado e defensor histórico de presos políticos, fez um contundente alerta sobre a fragilidade democrática no Brasil. Em entrevista à TV 247, ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria fazer um pronunciamento em rede nacional para denunciar o planejamento de um golpe de Estado.
“Diante desse cenário, o presidente Lula deveria fazer um pronunciamento em cadeia nacional para expor à sociedade o que foi planejado. Isso não pode ser naturalizado”, declarou. A afirmação veio no contexto das investigações sobre tentativas de golpe reveladas por mensagens de militares e aliados bolsonaristas.
Greenhalgh também criticou a falta de uma resposta institucional mais enfática por parte do Congresso e do governo federal: “As instituições estão naturalizando uma situação gravíssima. Eles planejavam matar o presidente, o vice e um ministro do Supremo. Isso não pode ser tratado com indiferença.”
Uma trajetória marcada pela resistência
Durante a entrevista, Greenhalgh relembrou momentos intensos de sua carreira como advogado de presos políticos durante a ditadura militar. Ele contou como foi levado a essa causa após a prisão de Idibal Pivetta, advogado de direitos humanos. “Eu nunca tinha visitado um presídio político ou entrado em uma auditoria militar até aquele momento. Quando vi as primeiras vítimas de tortura, percebi que as denúncias que eu considerava exageradas eram, na verdade, muito mais graves”, afirmou.
Entre os episódios citados, um dos mais chocantes envolveu um preso político que só foi poupado da tortura porque um médico venceu um jogo de “par ou ímpar” contra o torturador, que insistia em continuar o suplício mesmo diante do risco iminente de morte. “A maldade era institucionalizada, sistemática”, desabafou.
Defesa inabalável dos direitos humanos
Greenhalgh também recordou o projeto Brasil Nunca Mais, uma investigação clandestina que revelou casos de tortura documentados nos arquivos da Justiça Militar. O projeto, coordenado pela Arquidiocese de São Paulo sob a liderança de Dom Paulo Evaristo Arns, tornou-se uma referência histórica na denúncia das atrocidades cometidas durante a ditadura militar.
Ele destacou o trabalho de colegas que enfrentaram perseguições e ameaças por defender presos políticos: “Éramos poucos, mas decididos. Estávamos dispostos a ir até o limite.”
Reconhecimento e resistência
A cerimônia de entrega do prêmio ocorreu na sede da OAB em São Paulo e também homenageou a juíza federal Luciana Ortiz, pelo trabalho com moradores de rua, e o ouvidor da polícia paulista Cláudio Aparecido da Silva, pela denúncia de violações cometidas por forças de segurança.
Aos 75 anos, Greenhalgh continua comprometido com a luta pela justiça e pelos direitos humanos. “Se hoje estamos aqui, é porque muitos lutaram, muitas vezes à custa da própria vida. Não podemos recuar diante das ameaças atuais”, concluiu. Assista :
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