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    "Lula precisa fazer uma limpeza no aparelho militar e a oportunidade é agora", diz Boaventura Sousa Santos

    Sociólogo português diz que a democracia brasileira está por um fio e diz que este é o momento para agir

    Boaventura Sousa Santos e golpistas em Brasília (Foto: Divulgação | ABR)

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    247 – O professor Boaventura de Sousa Santos, um dos maiores intelectuais da atualidade, afirmou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, que o movimento golpista dos militares contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não foi superado. "Lula precisa muito da solidariedade internacional, porque vai precisar enfrentar o golpismo.

    O golpe está em curso ainda. A fase aguda foi neutralizada, mas a fase crônica ainda não", disse ele. "Lula precisa fazer uma limpeza no aparelho militar. Eles organizaram o golpe e conseguiram mudar a agenda do governo Lula, que passou a ser a defesa da democracia".

    Na entrevista, Boaventura disse que considera problemática a permanência do ministro José Múcio, que, na sua visão, atua em favor dos interesses militares. "Este é o momento para o presidente Lula agir. A democracia está por um fio e Lula deve afastar o ministro da Defesa e o comandante do Exército", pontuou.

    Boaventura também afirmou que a inteligência brasileira precisa saber quantos agentes da CIA estão no Brasil e disse que os Estados Unidos podem usar o Brasil para tentar neutralizar a Rússia e a China. "A direita não quer um golpe, mas também não quer um governo soberano no Brasil", afirmou. "O risco de terrorismo de extrema direita existe, mas vai existir de qualquer forma, com ação ou não sobre os militares. O Brasil precisa aproveitar a paralisia dos Estados Unidos. É agora ou nunca", destacou.

    Na entrevista, Boaventura também disse que os ministros Flávio Dino, da Justiça, e Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, são hoje os grandes pilares da democracia no Brasil. Ele também afirmou que não se deve temer uma eventual prisão de Jair Bolsonaro. "Ele cometeu crimes e todos os seus crimes devem ser investigados. Os democratas têm medo de prender militares, mas os militares não têm medo de prender os democratas", afirmou. "Nosso internacionalismo hoje, dos setores progressistas, deve ser o da defesa da democracia", finalizou.

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