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    Mais tragédias acontecerão sem uma reforma urbana e fundiária, diz Nabil Bonduki

    Professor da USP explicou que lógica urbana atual expõe população economicamente vulnerável do litoral a mais riscos quando há desastres naturais

    Deslizamento de terra em São Sebastião (SP) e o urbanista Nabil Bonduki (Foto: GOV SP/Fotos Públicas | Divulgação)
    Guilherme Paladino avatar
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    247 - O urbanista, professor da USP e ex-vereador de São Paulo pelo PT Nabil Bonduki falou em entrevista à TV 247 sobre a tragédia que assolou o Litoral Norte de SP no fim de semana de Carnaval e comentou que a solução efetiva para tais problemas estruturais passa por uma “reforma urbana que mexa com a questão fundiária”.

    “Os governos precisam ter clareza de que medidas precisam ser tomadas e não são simples”, afirmou o professor. “O problema é o seguinte: no litoral, temos uma faixa muito estreita entre o mar e a montanha, e a parte habitável desta região está ocupada por condomínios de média e alta renda, que ficam na maior parte do ano vazios. E essa parte privilegiada fica na faixa direita da estrada para quem está indo de Santos para o Rio”. 

    “Do lado esquerdo da estrada ficam as áreas montanhosas, que tem altos índices de declividade, que são as APPs, Áreas de Preservação Permanente, e o problema é o seguinte: há uma enorme parte de trabalhadores da construção civil, comércio, serviços, e essas pessoas não podem pagar o custo daquilo que é destinado à população de média e alta renda que está do outro lado. Então elas ficam nas áreas que são impróprias para a urbanização e ocupação. Então ali o problema (estrutural) vai ser mais sério”, explicou Bonduki.

    O urbanista ressaltou que propostas como a do presidente Lula (PT) de construir mais habitações na região apenas terão efetividade se houver uma reforma urbana e fundiária: “claro que uma chuva como essa afetou tudo, mas os riscos de morte efetivamente aconteceram nas áreas mais íngremes com os deslizamentos. Então se a gente não mudar essa lógica estrutural, se não tiver uma reforma urbana, algo que mexa com a questão fundiária, não vai ter terreno para fazer novas casas (seguras). O terreno vai ser na sede do município de São Sebastião e as pessoas que trabalham nessas praias vão morar a 30, 40, 50 km de onde elas trabalham. Porque os terrenos nessas praias são caríssimos, então não é simples.”

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