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    "Mesmo em um estado conservador, o tribunal deixou claro que não tolera esse tipo de crime", diz advogado da família de Arruda

    Condenação de ex-policial bolsonarista pelo assassinato de Marcelo Arruda é um marco contra a intolerância política, afirma advogado da família

    (Foto: Divulgação )
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o advogado Daniel Godoy Jr., que representa a família de Marcelo Arruda, comentou sobre a condenação do ex-policial penal Jorge Guaranho a 20 anos de prisão pelo assassinato do dirigente petista. O crime ocorreu em julho de 2022, quando Guaranho invadiu a festa de aniversário de Arruda, em Foz do Iguaçu, e disparou contra ele motivado por intolerância política.

    Para Godoy, a decisão da Justiça representa um marco pedagógico e reafirma o repúdio social à violência política. "É um misto de tristeza e alegria. Tristeza porque uma sentença condenatória não traz de volta a vida do Marcelo. Nenhuma reparação é integral. Mas há também um sentido pedagógico: a sociedade não respeita mais esse tipo de intolerância", afirmou.

    O julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Curitiba e culminou na condenação de Guaranho por homicídio duplamente qualificado. A juíza Michelle de Oliveira estabeleceu que o réu cumprirá pena inicialmente em regime fechado. "A magistrada foi muito feliz ao incorporar na sentença o reconhecimento do Dia Estadual contra a Intolerância Política, aprovado na Assembleia Legislativa do Paraná por unanimidade", destacou o advogado.

    Desde o início do caso, havia receios sobre uma possível politização do julgamento, especialmente com a transferência do caso de Foz do Iguaçu para Curitiba. No entanto, segundo Godoy, o processo transcorreu de maneira justa e transparente. "O jurado foi muito firme. É evidente que não se pode retirar o papel político da situação, mas não houve um papel partidário. A promotora deixou claro que o que estávamos fazendo ali era uma ação política com efeitos coletivos."

    O advogado também ressaltou que, no início da investigação, houve preocupação com a imparcialidade das autoridades. "A delegada que inicialmente conduziu o caso tinha indícios de um viés ideológico bolsonarista. Isso foi levado ao conhecimento das autoridades estaduais, que decidiram pela nomeação de uma nova delegada, garantindo a lisura da investigação."

    Sobre a progressão de pena, Godoy explicou que Guaranho deve cumprir pelo menos oito anos em regime fechado antes de ter direito a qualquer redução. "Ele já está preso há dois anos e meio. Em tese, ele ficaria mais cinco anos e meio detido. Mas há possibilidade de recursos que podem tanto reduzir quanto aumentar a pena."

    Quando questionado sobre o suposto arrependimento do condenado, o advogado foi cético. "Ele disse que estava arrependido, mas não olhou para a família da vítima, não pediu perdão. Falou isso apenas para os jurados. Todos os jornalistas que assistiram ao depoimento foram unânimes em dizer que ele não demonstrou nenhuma empatia."

    Por fim, Godoy destacou que a decisão do Tribunal é histórica e serve de referência contra a violência política no Brasil. "Mesmo em um estado conservador e de maioria bolsonarista como o Paraná, o tribunal deixou claro que não tolera esse tipo de crime. A condenação de Guaranho é um fato que passará para a história como um marco positivo da luta contra a intolerância política no Brasil." Assista: 

     

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