"O genocídio segue firme e forte": Sami El Jundi denuncia limpeza étnica e violação do cessar-fogo por Israel
Dirigente da Fepal alertou em entrevista para a instrumentalização do cessar-fogo por Israel e criticou a retomada do massacre. Assista na TV 247
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o médico e dirigente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Sami El Jundi, denunciou o que classifica como um projeto contínuo de limpeza étnica e genocídio promovido por Israel contra o povo palestino. Segundo El Jundi, a interrupção temporária dos ataques por meio de um cessar-fogo foi utilizada estrategicamente para reorganizar a ocupação e aumentar a vulnerabilidade da população civil.
"O projeto de limpeza étnica e de genocídio dos palestinos segue firme e forte, com amplo apoio do Parlamento e da população israelense", afirmou.
El Jundi destacou que a retomada dos bombardeios ocorreu sem qualquer surpresa para os analistas do conflito, uma vez que desde o início havia resistência por parte do governo de Benjamin Netanyahu em manter as negociações para uma trégua duradoura. "O cessar-fogo não foi mais do que um instrumento para ampliar a destruição. Quando a população voltou ao norte de Gaza, na esperança de restabelecer algum nível de normalidade, foi brutalmente atacada", denunciou.
"Israel usa o cessar-fogo como armadilha para os palestinos" - Outro ponto levantado por El Jundi foi o uso do cessar-fogo como uma ferramenta de controle e aniquilação da população palestina. "Assim como o ataque de 7 de outubro foi instrumental para o governo de Israel levar adiante seu projeto genocida, o próprio cessar-fogo serviu como uma armadilha. Ele permitiu que os palestinos abaixassem a guarda, retornassem ao norte de Gaza e tentassem reconstruir suas vidas. No momento exato em que retomavam alguma esperança, Israel voltou a atacar", explicou.
El Jundi destacou que, nas primeiras 12 horas da retomada dos bombardeios, foram mortas 74 crianças, além de mulheres e idosos. "Não há estratégia militar envolvida, não há objetivos táticos, há apenas um plano sistemático de extermínio. O que estamos vendo não é um conflito, mas sim um massacre", denunciou.
"O genocídio é um projeto anti-humano, não apenas anti-palestino" - El Jundi encerrou a entrevista com um alerta sobre a gravidade do que está acontecendo na Palestina e suas repercussões globais. "O que estamos vendo é um projeto anti-humano, não apenas anti-palestino. É uma destruição sistemática da dignidade humana, da coexistência e da civilização. E a pergunta que fica é: quantos mais precisarão morrer até que o mundo reaja?", questionou.
A entrevista de Sami El Jundi ao Boa Noite 247 reforça a urgência de uma ação internacional mais contundente contra os crimes cometidos por Israel e expõe as contradições da política externa de países que, ao mesmo tempo que condenam o genocídio, continuam financiando a máquina de guerra israelense.
As Forças de Defesa de Israel informaram na última terça-feira (18) que estavam realizando ataques aéreos maciços contra alvos do movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza. O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país retomou os ataques à Faixa de Gaza em resposta à recusa do Hamas em aceitar o plano dos Estados Unidos de estender o regime de cessar-fogo e continuar a libertação de reféns. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 400 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas nos últimos ataques.
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