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"Se aprovada, a PEC 65 permitirá a captura total do BC pelo mercado financeiro", diz Fábio Faiad

Presidente do Sindicato dos Funcionários do Banco Central (Sinal) critica a proposta concebida por Roberto Campos Neto, no apagar das luzes do seu mandato

(Foto: ABR | Divulgação )

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247 – Em uma entrevista contundente ao programa Brasil Agora, da TV 247, Fábio Faiad Bottini, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), expressou fortes críticas à PEC 65, proposta que visa alterar o regime jurídico do Banco Central. Segundo Faiad, a proposta, elaborada por Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, ameaça a coordenação da política econômica do país e coloca em risco conquistas dos servidores.

Para Faiad, a PEC 65 representa uma mudança drástica que trará "muito mais riscos do que oportunidades". Faiad alertou que a proposta poderia transformar o Banco Central em uma entidade dominada pelo mercado financeiro, o que fragilizaria todos os controles institucionais. “Um dos grandes riscos é a captura total do Banco Central pelo mercado. Hoje temos a porta giratória. A penetração do mercado financeiro será ainda maior”, afirmou. Ele destacou que, se aprovada, a PEC criará “um quarto poder”, o que considera “inaceitável”.

Outro ponto de crítica é a mudança na administração da receita de senhoriagem, que passaria da União para o Banco Central. “A receita de senhoriagem é de R$ 25 bilhões. O orçamento do BC é de R$ 5 bilhões”, exemplificou. Faiad argumenta que a transformação do Banco Central, que hoje é uma empresa pública, em uma empresa privada, traria graves danos à sua atuação.

Faiad também abordou a ilusão de benefícios financeiros que a proposta promete aos servidores. “Algumas pessoas mais próximas à direção têm a ilusão de que terão melhores condições. Hoje os cargos em comissão são concursados. Os diretores do BC não devem vir só do mercado. Podem vir da academia. São nomes que devem servir ao País – e não os banqueiros”, disse.

Mobilização contra a PEC

O presidente do Sinal enfatizou que a PEC foi colocada em tramitação de surpresa pela “turma do Campos Neto” e que o governo está começando a reagir. “Nosso objetivo é adiar esse projeto o máximo possível”, afirmou, mencionando que o Sinal tem um índice de filiação superior a 50%. Ele reafirmou que o sindicato está empenhado em evitar que a PEC avance.

A PEC 65, proposta por Roberto Campos Neto e agora em tramitação no Congresso, é vista por Fábio Faiad e pelo Sinal como uma ameaça significativa à estrutura e à função do Banco Central. As mudanças sugeridas não só prejudicam a coordenação da política econômica, mas também abrem portas para a captura do Banco Central pelo mercado financeiro, algo que Faiad e os servidores estão determinados a combater. Assista:

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