"Somos um povo vitorioso que construiu seu próprio caminho", diz Maduro em entrevista a Breno Altman
Maduro afirma retomada econômica da Venezuela e critica oposição em entrevista exclusiva a Breno Altman
247 - Em uma entrevista exclusiva concedida ao jornalista Breno Altman no programa 20 Minutos, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, abordou os principais desafios enfrentados por seu governo durante os últimos anos e fez duras críticas à oposição interna e à interferência de países estrangeiros, como os Estados Unidos. A entrevista foi gravada em Caracas, marcando a primeira participação presencial de Maduro no programa.
Logo no início da conversa, Maduro comentou sobre a eleição de 28 de julho, amplamente contestada por setores opositores e não reconhecida por alguns governos estrangeiros, incluindo o dos Estados Unidos. “O enfraquecimento da extrema-direita fascista na Venezuela é a prova de que todas as operações de desestabilização apoiadas pelos EUA falharam. Consolidamos um processo de paz e estabilidade política nos últimos anos, apesar das sanções e ataques econômicos que sofremos”, afirmou o presidente venezuelano.
Desafios econômicos e recuperação
Maduro destacou a severidade das sanções econômicas impostas ao país, que, segundo ele, causaram a perda de 99% das receitas do governo provenientes da indústria petrolífera. O impacto foi devastador para a economia venezuelana, que registrou uma queda vertiginosa no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2014 e 2021.
“Passamos de uma receita de US$ 56 bilhões por ano para apenas US$ 700 milhões. Ainda assim, com esforço próprio, conseguimos proteger nosso povo, criar programas de distribuição de alimentos e garantir serviços essenciais, como saúde e educação”, declarou Maduro. Ele ressaltou que a Venezuela registrou 15 trimestres consecutivos de crescimento econômico, consolidando uma inflação sob controle e avançando na produção interna de bens de consumo. “Hoje, 85% dos produtos disponíveis no mercado são de fabricação nacional.”
Relações internacionais e integração regional
Ao abordar as relações diplomáticas, Maduro enfatizou o papel estratégico da Venezuela em blocos como o BRICS e destacou a necessidade de fortalecer a integração latino-americana, especialmente diante de novas lideranças políticas de direita que ele classificou como "cavalos de Troia". “A união da América Latina e do Caribe é fundamental para enfrentarmos as ameaças globais. Precisamos de iniciativas de cooperação econômica, integração cultural e avanços científicos, especialmente no campo da inteligência artificial.”
Quando questionado sobre o veto do Brasil à inclusão da Venezuela no BRICS durante a cúpula de Kazan, Maduro mostrou otimismo: “Venezuela pertence naturalmente ao BRICS. Espero que, sob a liderança do presidente Lula na próxima cúpula, possamos avançar nesse reconhecimento.”
Direitos humanos e acusações de autoritarismo
O presidente venezuelano rebateu as acusações de que haveria presos políticos em seu país, classificando-as como “manipulações”. Segundo ele, os detidos cometeram atos de violência, terrorismo e tentativas de golpe contra o governo constitucional. “Em qualquer outro país, isso seria chamado de terrorismo. Na Venezuela, chamam de democracia. Aqui, há justiça e respeito às leis.”
Maduro também defendeu o sistema eleitoral venezuelano, destacando que ele é “o mais auditável do mundo”, com 15 auditorias realizadas em cada processo eleitoral. “Realizamos 31 eleições nos últimos 25 anos, um recorde mundial. O Tribunal Supremo de Justiça comprovou a soberania popular em todas elas”, afirmou.
Reforma constitucional e democracia participativa
Outro tema central da entrevista foi a proposta de reforma constitucional apresentada pelo governo. Maduro argumentou que o objetivo é ampliar a democracia direta e fortalecer a participação popular por meio dos conselhos comunais. “Temos 49 mil conselhos comunais organizados pelo povo, que discutem e decidem as prioridades de suas comunidades. Queremos que a nova democracia seja baseada na participação cidadã, superando a democracia liberal burguesa.”
Ele negou que a reforma ameace a democracia representativa, afirmando que qualquer alteração na Constituição será submetida a referendo popular. “A soberania do povo é intransferível. Nada será feito sem o consentimento da população.”
Futebol e cultura: um toque pessoal
Em tom mais descontraído, Maduro falou sobre a evolução do futebol venezuelano, que deixou de ser coadjuvante para se tornar uma ameaça a grandes seleções, como a brasileira. Ele atribuiu o avanço à massificação do esporte no país, iniciada durante o governo de Hugo Chávez.
Maduro também revelou seu gosto por séries e literatura, recomendando a adaptação de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, e uma biografia de Simón Bolívar que ele carrega consigo. Em um momento de descontração, mostrou um relógio que recebeu de Diego Maradona, afirmando que o objeto lhe traz sorte.
Perspectivas para o futuro
Encerrando a entrevista, Maduro reiterou sua visão de que a Venezuela está preparada para enfrentar os desafios futuros e consolidar sua estabilidade. Ele afirmou que o período 2025-2031 será marcado pela prosperidade e pelo avanço de um modelo econômico soberano, integrado regionalmente e comprometido com o desenvolvimento social. “Somos um povo vitorioso. Construímos nosso próprio caminho, sem manuais estrangeiros e com muito esforço. A Venezuela está de pé e seguirá avançando.” Assista:
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