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Meloni diz que luta de boxe mais polêmica da história dos Jogos Olímpicos não foi "entre iguais"

"Acho que as atletas que têm características genéticas masculinas não devem ser admitidas em competições femininas", disse Meloni

Giorgia Meloni (Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane)

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PARIS (Reuters) – A tão esperada luta da pugilista argelina Imane Khelif contra a italiana Angela Carini pelas oitavas de final da categoria meio-médio na Olimpíada de Paris durou 46 segundos depois que a italiana desistiu do combate após receber um forte soco no nariz.

Khelif, de 25 anos, está no centro das atenções desde que foi desclassificada antes de uma luta pela medalha de ouro no Campeonato Mundial de 2023 por não cumprir as regras de elegibilidade da Associação Internacional de Boxe (IBA) que impedem atletas com cromossomos XY de competir em eventos femininos.

No entanto, ela foi considerada elegível para competir em Paris, uma competição realizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), depois que o órgão olímpico retirou o reconhecimento internacional da IBA no ano passado devido a questões relacionadas a governança e finanças.

Khelif entrou na arena lotada do norte de Paris em meio a fortes aplausos dos torcedores que agitavam bandeiras da Argélia, e a italiana não foi páreo para a velocidade e o maior alcance de sua adversária.

"Primeiramente, agradeço a todo o povo argelino, depois dessa primeira vitória", disse Khelif. "Espero conseguir uma segunda vitória para garantir uma medalha e depois pensar na medalha de ouro."

"Eu digo ao povo argelino que estou trabalhando para oferecer o melhor que posso, a fim de fazê-los felizes."

Ela desferiu quatro golpes nos primeiros 10 segundos e vários outros antes de Carini, que é seis centímetros mais baixa que sua adversária, ir até seu treinador após 30 segundos para arrumar seu capacete.

Carini retomou a luta brevemente, mas não conseguiu impedir que Khelif desferisse outro potente soco em seu rosto, e a italiana levantou a mão e voltou para o seu corner antes que seu técnico sinalizasse que ela estava abandonando o combate.

"Sempre honrei meu país com lealdade", disse Carini com lágrimas nos olhos. "Desta vez, não consegui porque não podia mais lutar", afirmou.

"Encerrei a luta porque, após o segundo golpe, depois de anos de experiência no ringue e uma vida de luta, senti uma forte dor no nariz."

"Todos vocês viram meu nariz que começou a sangrar. Eu não perdi esta noite, apenas me rendi com maturidade. Sou uma mulher madura, o ringue é minha vida", disse.

"Sempre fui muito instintiva, mas quando sinto que algo não está indo bem, não é uma rendição, mas ter a maturidade para parar."

Carini chorou ao falar com os repórteres antes de ser levada embora.

Pugilistas Imane Khelif, da Argélia, e Angela Carini, da Itália, após combate na Olimpíada de Paris
Pugilistas Imane Khelif, da Argélia, e Angela Carini, da Itália, após combate na Olimpíada de Paris 01/08/2024 REUTERS/Isabel Infantes(Photo: Reuters)

NÍVEIS DE TESTOSTERONA

Alguns esportes limitaram os níveis de testosterona permitidos para atletas que competem em competições femininas, enquanto outros banem todos que no passado tiveram uma puberdade masculina.

O boxe é administrado pelo COI depois que o reconhecimento da IBA foi retirado, e a entidade não atualizou as regras de elegibilidade de gênero, mas usou as regras aplicadas nas Olimpíadas anteriores.

O COI abriu caminho para Khelif, bem como para a bicampeã mundial de Taiwan, Lin Yu-ting, que perdeu sua medalha de bronze no Campeonato Mundial do ano passado por não atender aos critérios pelo mesmo motivo, para competir nos Jogos.

"O que eu diria é que isso envolve pessoas reais e estamos falando sobre a vida de pessoas reais aqui", disse o porta-voz do COI, Mark Adams, nesta quinta-feira.

"Elas competiram e continuam competindo na competição feminina. Elas perderam e ganharam contra outras mulheres ao longo dos anos."

A decisão do COI causou um alvoroço antes da Olimpíada, com alguns alertas sobre preocupações com a segurança das adversárias dessas pugilistas.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que a luta de Carini contra Khelif não foi um combate entre iguais.

"Acho que as atletas que têm características genéticas masculinas não devem ser admitidas em competições femininas", disse Meloni.

"E não porque você queira discriminar alguém, mas para proteger o direito das atletas femininas de poderem competir em igualdade de condições."

"Eu lamento ainda mais (o abandono de Carini)", disse Meloni, segundo a agência de notícias italiana ANSA. "Fiquei emocionada ontem quando ela escreveu 'Eu vou lutar' porque a dedicação, a cabeça, o caráter, certamente também desempenham um papel nessas coisas", afirmou.

"Mas também é importante poder competir em condições de igualdade e, do meu ponto de vista, não foi uma disputa equilibrada."

Lin enfrentará Sitora Turdibekova, do Uzbequistão, em uma luta da categoria peso-pena em Paris na sexta-feira.

(Reportagem de Aadi Nair, Karolos Grohmann e Julien Pretot, em Paris, e Alessandro Prodi, em Roma)

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