A lua de mel acabou?
Para muitos ainda no o ideal, mas o governador Anastasia j teve de mudar a equipe e convive com notcias desfavorveis a seu governo toda semana. Bem diferente do governo Acio, acusado de pressionar os jornais do estado
Minas 247 - Nos últimos meses, o governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB) precisou fazer uma faxina em sua administração. Há cerca de um mês, o antigo secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, foi trocado pelo procurador de Justiça Rômulo Ferraz. Antes, em setembro, Manoel Costa, secretário de Regularização Fundiária, pediu exoneração do cargo. E, ainda mais para trás, em abril do ano passado, o ex-vereador Wellington Magalhães, teve de renunciar do cargo de vice-diretor geral da Ademg, órgão que cuida dos estádios de Minas (basicamente, do Mineirão.
Nos três casos, a “faxina” de Anastasia teve um motivador: denúncias publicadas pela imprensa mineira. Em resumo: Andrada caiu pelos péssimos indicadores recentes na segurança pública; Costa, por possível envolvimento em quadrilha; e Wellington foi ondenado pelo TSE por abuso econômico nas eleições de 2008. Em todos os casos, os principais jornais do estado publicaram as denúncias.
Um quadro diferente do vivido pelo antecessor de Anastasia, Aécio Neves. O governo Aécio foi acusado inúmeras vezes de jogar pesado com os jornalistas. Através de sua irmã, Andrea Neves, o governador teria controlado pautas e sobretudo mandado recados a editores nos três principais periódicos do estado: o Estado de Minas (dos Diários Associados), o Hoje em Dia (do bispo Edir Macedo) e O Tempo (do empresário de transportes e ex-deputado Vittorio Medioli). Houve denúncias de demissões a mando de Aécio, via Andrea: o ex-editor de Economia do Estado de Minas, Ugo Braga (que publicou coluna com pesquisa desfavorável ao tucano) e o ex-editor de Política do Hoje em Dia, Orion Teixeira, que teria caído uma semana depois de visita de Andréia à direção do jornal. Ambos os jornalistas hoje negam esse teor para suas demissões. Alunos da UFMG chegaram a fazer um vídeo, publicado no Youtube, com denúncias do cerco de Aécio à imprensa.
Há muita polêmica e divergências nesse assunto. Certo, porém, e verificável facilmente, é que a mídia mineira hoje está menos dócil com o governador. Apenas nos últimos dias, Anastasia enfrentou notícias como o aumento no índice de criminalidade e o descumprimento de promessas de reformas nos aeroportos, por exemplo. É pouco? Não, se comparada à situação anterior. Por que isso está acontecendo?
O governo estadual, claro, não fala sobre o assunto e sequer admite controle sobre a imprensa no governo anterior. Mas há algumas pistas:
1) Lotada no Servas (órgão estadual de assistência social), Andrea Neves reduziu o ímpeto com que chegava a editores e mesmo repórteres há alguns anos;
2) O 247 apurou que há insatisfação com as verbas de publicidade distribuídas pelo governo. Estão insatisfeitos especialmente os jornais Hoje em Dia e O Tempo;
3) No caso do jornal de Betim, o ex-deputado tucano Vittorio Medioli, hoje no PV, há anos não é exatamente um grande amigo do grupo de Aécio.
4) O futuro político de Anastasia prevê, no máximo, chegar ao Senado em 2014. Ele não pode tentar sequer a reeleição, uma vez que era vice de Aécio e assumiu o cargo de governador em 2010. Bem diferente do atual senador mineiro, cujo nome ainda é a aposta de donos da mídia mineira para a presidência da República daqui a dois anos.
5) Além disso, até pelo motivo acima, não há, da parte de Anastasia, tanto empenho em ser poupado, pelo menos se comparado a Aécio. Também ajuda o perfil mais técnico, com ênfase em gestão, do professor e advogado.
Nas redações de jornais de Minas, há certo alívio com a maior liberdade na apuração. O 247 conversou com vários deles, e ouviu o reconhecimento de que o cerco diminuiu. “Mas não totalmente”, disseram todos.
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