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    Afif reage a comissão com alfinetada ao PSDB

    "Constata-se que nos votos até agora proferidos não ousaram dizer que há ilegalidade ou inconstitucionalidade no fato de o Vice-Governador exercer cargo de Ministro. O máximo que disseram é que seria 'inconveniente'. Inconveniente para quem? Para um partido político ou para o Brasil?", questiona o vice-governador de São Paulo e ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa à Comissão Geral de Ética do Estado de SP

    Afif reage a comissão com alfinetada ao PSDB (Foto: Gabriela Biló/Futura Press/Folh)
    Rodolfo Borges avatar
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    SP247 - Vice-governador de São Paulo e ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos (PSD-SP) pôs em questão nesta quarta-feira o processo da Comissão Geral de Ética do Estado que apontou "impossibilidade e inconveniência" no fato de ele acumular os dois cargos. O voto do relator do processo, o ex-secretário de Justiça Eduardo Muylaert, foi acompanhado por outros dois dos cinco integrantes do colegiado, mas a sessão foi adiada após pedido de um integrante.

    Em nota divulgada no início da noite desta quarta, Afif disse que a comissão não tem competência para julgar o governador ou o vice, pois é subordinada ao próprio governador. "Inconveniente para quem? Para um partido político ou para o Brasil? Eu estou trabalhando para o Brasil e para o povo brasileiro. Eu não sirvo aos interesses políticos de um ou outro partido", diz Afif na nota, em crítica velada ao PSDB do governador Geraldo Alckmin.

    A maioria dos integrantes da Comissão de Ética do Estado de São Paulo decidiu pela impossibilidade do vice-governador, Afif Domingos, acumular o cargo de ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo federal. Após três dos cinco membros do órgão, vinculado à Casa Civil do governo estadual, apresentarem seu posicionamento, a votação foi suspensa por um pedido de vista de Kazuo Watanabe.

    Votação

    José Geraldo de Brito Filomeno e Odete Medauar acompanharam o voto do relator da comissão, Eduardo Muylaert, que considerou que, tanto juridicamente quanto eticamente, a acumulação é impossível. "Não só do ponto de vista jurídico, mas especialmente do ponto de vista da ética pública, a conclusão que a meu ver se impõe é a de que a acumulação de funções de vice-governador de um estado da Federação com a de ministro de Estado é indevida e altamente inconveniente", disse o relator em seu voto.

    Para Muylaert, Afif deveria ter deixado o cargo de vice-governador para assumir a secretaria no governo federal. "Não se poderia cogitar de um vice-presidente que saísse da órbita federal para exercer o cargo de secretário de estado. Da mesma forma, não se pode admitir que um vice-governador assuma cargo de ministro de Estado sem abandonar a órbita estadual", argumentou ao acrescentar que a situação abre "questões que parecem tangenciar o absurdo".

    "Para não ferir a Constituição, e não perder seu mandato, o vice-governador, eleito pelo povo, teria de vir ao seu estado a cada quinze dias. Será esse o espírito da norma constitucional, ou seria mais lógico pensar que o Constituinte quis fixar o governador e o vice no seu estado, abrindo uma exceção para esporádicas viagens de até quinze dias?", questiona Muylaert.

    Depois que a votação da Comissão de Ética de São Paulo for finalizada, a decisão será apreciada pelo plenário da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). Na Casa tramita um pedido de cassação do mandato de Afif apresentado pelo PSOL. Na próxima terça-feira (11), o deputado estadual Cauê Macris deverá apresentar um relatório a respeito da admissibilidade do pedido pela Comissão de Constituição e Justiça da Alesp. O parecer será então votado pela comissão, o que poderá iniciar a tramitação do pedido.

    Ao apresentar sua defesa à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Afif disse que não se sente desconfortável, nem constrangido, ao acumular os dois cargos. O ministro confirmou ainda que irá pedir licença ou renúncia temporária do cargo sempre que for necessário assumir o governo de São Paulo, em viagens internacionais do titular Geraldo Alckmin, por exemplo.

    Com Agência Brasil

    Leia a íntegra da nota de Afif:

    "A Comissão Geral de Ética, como órgão subordinado ao Governador do Estado, não tem competência para julgar o Governador ou o Vice-Governador.

    "Constata-se que nos votos até agora proferidos não ousaram dizer que há ilegalidade ou inconstitucionalidade no fato de o Vice-Governador exercer cargo de Ministro.

    "O máximo que disseram é que seria 'inconveniente'.

    "Inconveniente para quem? Para um partido político ou para o Brasil?

    "Eu estou trabalhando para o Brasil e para o povo brasileiro.

    "Eu não sirvo aos interesses políticos de um ou outro partido.

    "No cargo público para o qual fui eleito e no cargo de Ministro eu trabalho para o Brasil e não para a conveniência de uns poucos".

    Guilherme Afif Domingos

    Vice-Governador do Estado de São Paulo e Ministro-Chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República

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