Banqueiro da Folha, Esteves ronda o Estadão
Dono do BTG Pactual, Andr Esteves foi contratado pelos donos da Folha de S. Paulo para coordenar o fechamento de capital do portal Uol; fontes prximas garantem que ele teria sugerido aos Frias a compra do Estado
247 – André Esteves é, sem sombra de dúvida, um dos empresários mais ousados do Brasil. Neste exato momento, ele prepara o lançamento de ações do seu próprio banco, o BTG Pactual, numa operação que pode captar mais de R$ 4 bilhões. Habilidoso, ele se aproximou do governo federal, ao comprar das mãos de Sílvio Santos o banco Panamericano. Da sua prancheta, já saíram operações também polêmicas, que nem sempre deram resultado, como a tentativa de compra do Carrefour pelo Pão de Açúcar e da Vale pelo empresário Eike Batista. André, portanto, nunca pensa pequeno. Sempre sonha alto. E essa característica pode provocar um dos movimentos mais espetaculares já vistos na mídia brasileira: uma eventual fusão entre Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo.
Impossível? Não é bem assim. Esteves coordenou pelo Pactual a venda de ações do portal Uol, que pertence à Folha de S. Paulo. Agora, ele foi novamente contratado pela família Frias. Desta vez, para fazer o caminho inverso e recomprar todas as ações do portal, fechando o capital da empresa, numa operação que ainda não foi concluída. Fontes que acompanham de perto o processo garantem que Esteves teria sugerido aos Frias a compra do Estadão, assim como fez, recentemente, com Abílio Diniz na operação Pão de Açúcar-Carrefour.
Procurado pelo 247, o BTG Pactual negou veementemente essa possibilidade. Mas outro fator que alimenta a especulação é o fato de Esteves ter como um dos sócios o consultor Claudio Galeazzi, que ajudou a reestruturar a dívida do Estadão. Galeazzi, por sinal, também presidiu o Carrefour e participou da tentativa frustrada de fundir o Pão de Açúcar com a rede francesa.
Mídia em transformação
Seja como for, o fato incontestável é que os jornais impressos encontram-se numa encruzilhada. Enfrentam a concorrência crescente dos jornais gratuitos, como o Metro, que já é o maior do Brasil, e também da mídia online.
Duas semanas atrás, o colunista Elio Gaspari, da Folha de S. Paulo, publicou na própria Folha e também no Globo um estudo do Pew Research Institute, dos Estados Unidos, apontando que, em cinco anos, jornais impressos circularão apenas aos domingos. O motivo é a rápida penetração de equipamentos como tablets e smartphones que, cada vez mais, se tornam as principais ferramentas de acesso à informação.
Folha e Estado são rivais há décadas, mas também já aprenderam a cooperar. A distribuição dos jornais, por exemplo, é feita de forma comum. Ambos defendem o modelo de cobrança pelo conteúdo nos meios eletrônicos. Tanto Folha como Estadão pretendem instituir os chamados paywalls, que são os “muros de cobrança”, permitindo acesso limitado aos leitores. Além disso, há fatores de complementariedade. Embora a Folha seja o maior jornal do Brasil, a Agência Estado distribui mais conteúdo pelo restante do País.
Se a operação vai sair, ninguém sabe. Mas André Esteves é capaz de operar este milagre.
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