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    Benedito se defende: não está sendo processado

    Em matéria cercada no Diário da Manhã, procurador-geral da República, Benedito Torres, que é irmão do senador Demóstenes Torres, diz ser “absolutamente inverídico” o que foi publicado. Ele é um dos convocados para depor na CPI mista do Cachoeira

    Gisele Federicce avatar
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    Goiás 247 – Em matéria cercada, comum em anúncios publicitários, no Diário da Manhã deste sábado, 10, o Ministério Público de Goiás publicou uma negativa de que o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres, esteja sendo processado pelo Ministério Público Federal, conforme reportagem do dia anterior publicada no mesmo jornal. É “absolutamente inverídico” o que foi publicado, anota o texto assinado pela própria procuradoria.

    A reportagem informava ainda que a ação protocolada “é de competência privativa da Corte Especial do Tribunal de Justiça e tramita em segredo de Justiça”. No texto publicado sábado, a procuradoria do MP goiano, questionada inclusive pela estranha demora em investigar o governador Marconi Perillo (PSDB), mostra indignação: “Portanto, soa leviana e infame a notícia veiculada pelo DM, uma vez que não há ação ou qualquer pedido de instauração de processo contra o procurador-geral de Justiça”.

    Alexandre Moreira Tavares dos Santos, procurador-chefe do Ministério Público de Goiás, confirma, no mesmo cerco da matéria do MP goiano, que não ajuizou ação penal contra Benedito Torres. O único procedimento realizado “foi o encaminhamento, por determinação do procurador-geral da República, cumprindo decisão do ministro Ricardo Lewandowski, de cópia integral do inquérito da Operação Monte Carlo ao Tribunal de Justiça de Goiás, para as providências que o Tribunal entender cabíveis”.

    Benedito Torres, no entanto, terá muito o que explicar. Ele é dos goianos convocados na semana passada pelos parlamentares para depor na CPI mista que investiga o esquema de Carlinhos Cachoeira e suas ramificações.

    Abaixo, confira a reportagem do Diário da Manhã. E leia também, aqui (Por que o MP goiano não investiga Marconi), reportagem do 247 que mostra os questionamentos ao Ministério Público goiano.

     

    MPF processa Benedito

    Hélmiton Prateado

     

    O Ministério Público Federal ajuizou uma representação criminal contra o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, irmão do senador Demóstenes Torres (sem partido). A ação é de competência privativa da Corte Especial do Tribunal de Justiça e tramita em segredo de Justiça.

    A representação veio da Procuradoria-Geral da República com todos os anexos da Operação Monte Carlo em que aparecem referências feitas ao chefe do MP goiano, Benedito Torres. A denúncia foi distribuída para ao desembargador Leandro Crispim, que está de férias. Seu substituto legal, desembargador Benedito Soares de Camargo Neto, deverá deixar de oficiar no caso, declarando-se impedido: logo após se formarem ele e Demóstenes foram sócios em um escritório de advocacia.

    Em diversas passagens gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial surgem conversas entre o senador Demóstenes Torres e o empresário Carlinhos Cachoeira. Na maioria delas Cachoeira pede a Demóstenes, que também já foi procurador-geral de Justiça, que interceda junto a seu irmão para defender interesses do grupo.

    Conversas degravadas pela PF mostraram que Demóstenes era sempre solícito a Cachoeira em pleitos para provocar ações do MP e de Benedito. As mais significativas foram as vezes em que Carlinhos e Demóstenes pediram para que Benedito se reunisse com um grupo de vereadores de Goiânia, opositores ao prefeito Paulo Garcia, que faziam denúncias sobre atividades da prefeitura.

    Fontes da procuradoria da República em Goiás, de onde se originou a coleta de provas da Operação Monte Carlo disseram com exclusividade ao DM que o envolvimento que Demóstenes arrastou seu irmão Benedito é altamente comprometedor. “Demóstenes não se contentou em colocar seu mandato a serviço de Cachoeira, ele usou o cargo do irmão que ajudou a nomear para atender seus interesses e de Cachoeira”, frisou um procurador.

    Em julho do ano passado a PF gravou uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e Demóstenes versando sobre as denúncias que vereadores ligados a Cachoeira haviam feito na Câmara Municipal. Demóstenes se prontificou a intermediar que o irmão, chefe do MP, se reunisse com os vereadores Elias Vaz (Psol), Santana Gomes (PSD) e Geovani Antônio (PSDB). Benedito aceitou esse e outros pedidos de Demóstenes e depois que o caso veio a público disse que seu irmão abrira “uma cicatriz” em seu coração.

    Em outra ocasião o diretor regional da Delta, Cláudio Abreu, pediu a Carlinhos e esse repassou o pedido a Demóstenes para que Benedito intervisse junto ao promotor Rodnei da Silva, que supostamente estaria montando um factóide em Catalão junto com o deputado estadual Jardel Sebba para ser usado nas eleições desse ano. Em expressões fortes Cláudio diz que a ação do MP de Catalão seria sem fundamento e que o contrato seria sem reparos.

    Investigação

    A Procuradoria da República não tem atribuição para agir no Tribunal de Justiça de Goiás. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, havia pedido ao Supremo Tribunal Federal que investigasse a responsabilidade criminal de Benedito Torres em atender aos pedidos da dupla Cachoeira/Demóstenes. O relator do caso no STF, ministro Ricardo Levandowski negou o pedido e forçou a PGR a representar contra o PGJ ao Tribunal de Justiça.

    Na tarde de ontem uma funcionária da Corte Especial do TJ levou a contra-fé à Procuradoria da República em Goiás e informou que a corregedoria do Ministério Público de Goiás receberá as cópias e a representação para atuar de forma privativa na representação criminal. Procuradores ouvidas pela reporgatem disseram ser possível que seja pedido o afastamento liminar do procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, por suspeição das ações com Demóstenes e Cachoeira.

    A reportagem procurou Benedito Torres para apresentar sua versão. Através de sua assessoria ele informou não ter ciência da representação e disse não discutir o teor por se tratar de segredo de Justiça.

     

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