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    Cai chefe de gabinete de Agnelo Queiroz

    Cludio Monteiro decidiu se afastar do cargo para se defender de acusaes de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, insinuadas por gravaes divulgadas na noite desta tera-feira por reportagem do Jornal Nacional

    Cai chefe de gabinete de Agnelo Queiroz (Foto: Divulgação)
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    247 - Claúdio Monteiro, chefe de gabinete do governador do DF, Agnelo Queiroz, decidiu se afastar do cargo na noite desta terça-feira para se defender de acusações de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Gravações entre o representante da construtora Delta, Cláudio Abreu, e Idalberto Nunes (Dadá), reveladas nesta terça-feira pelo Jornal Nacional (leia abaixo), mostram o acerto de pagamento de uma parcela de R$ 20 mil e mensalidades de R$ 5 mil como prêmio pela nomeação do delegado João Monteiro para o cargo de presidente da empresa pública de lixo SLU.

    Monteiro nega o recebimento dos valores e disse que vai processar os grampeados "por usarem meu nome nessas circunstâncias". O ex-chefe de gabinete decidiu enviar ofício à Procuradoria-Geral da República solicitando investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Ele garantiu que nada teve com a nomeação de João Monteiro, que, destacou, não é seu parente.

    "Essas conversas, que aparecem agora, 485 dias depois de feitas, revelariam o cometimento de crime continuado, por isso os policiais federais que as interceptaram tinham o dever até de efetuar prisões, porque o foro privilegiado não protege ninguém em caso de flagrante. Se não o fizeram, das duas, uma: ou cometeram o crime de prevaricação ou concluíram que a acusação contra mim é absurda", diz o ex-chefe de gabinete.

    No início do mês, Monteiro afirmou estar sendo vítima de um equívoco de proporções respeitáveis depois de surgimento de gravação em que seu nome teria sido mencionado na voz de Cachoeira, em diálogo com Dadá, num dos grampos feitos pela Operação Monte Carlo. A versão divulgada na edição do DFTV, na noite da segunda-feira (2), dá conta que Cachoeira, via Dadá, destinara um telefone/rádio Nextel para Monteiro, com o sentido de participar de um esquema de fraudes. O diálogo entre eles não foi apresentado.

    Á época, o chefe de Gabinete desafiou, em entrevista à Globo, qualquer um a apresentar “um segundo sequer” de conversas grampeadas entre ele e Cachoeira. Ele argumenta que, se tivesse mesmo recebido o telefone Nextel do esquema de Cachoeira, ele teria diálogos interceptados, o que, diz, não aconteceu.

    Leia reportagem do G1 sobre as gravações que revelariam ligação entre Monteiro e o grupo de Cachoeira

    Trechos de gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram suposta ligação do chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, com o grupo de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar esquema de jogo ilegal em Goiás.

    Dois integrantes da quadrilha discutem o pagamento de uma mesada para ter benefícios em contratos milionários no setor de limpeza pública. Monteiro nega ter favorecido o grupo.

    A conversa foi gravada pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, em janeiro do ano passado, e obtidas pelo Jornal Nacional. Diretor da Construtora Delta na região Centro-Oeste, Claudio Abreu liga para Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

    Segundo a polícia, os dois falam sobre a nomeação de um aliado da quadrilha na direção do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), área de interesse da Delta. Eles citam dois nomes: Marcelão, que seria o ex-assessor da casa militar do GDF, Marcello Lopes, e Claudio Monteiro, chefe de gabinete de Agnelo Queiroz.

    Dadá: "O Marcelão tá aqui comigo, entendeu. Eu tava falando para o Carlinhos, o seguinte. Ele veio da reunião com o Claudio Monteiro entendeu, então ele tava falando o seguinte, que é ideal você dar um presente pro cara. A nomeação só vai sair na terça-feira no Diário Oficial."

    Claudio Abreu: "Dada, resume. O que é que é pra dar pra ele, Dadá?"

    Dadá: "Dá o dinheiro para o cara, meu irmão."

    Claudio Abreu: "Faz o seguinte. Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?"

    Dadá: "Vou falar com o Marcelão aqui."

    Segundo a investigação, Claudio Monteiro foi o responsável pela indicação do nome de João Monteiro na direção do SLU. A PF não comprovou se o chefe de gabinete do GDF recebeu o dinheiro. A apuração da polícia indica que a quadrilha esperava que João Monteiro facilitasse negócios da Delta na coleta de lixo do DF.

    Atualmente, a empresa tem dois contratos na área de limpeza pública do DF, no valor total de R$ 470 milhões. Os contratos foram fechados antes de Agnelo assumir o GDF.

    O chefe de gabinete de Agnelo admite que recebeu Claudio Abreu e Dada em audiência. Ele afirma, porém, que nunca favoreceu a empresa ou recebeu dinheiro. “Não recebi nem providenciei nomeação. Eu não tenho nada, absolutamente nada com isso.” João Monteiro foi exonerado do SLU no fim de março.

    Assessores do governador do DF foram novamente citados em outro telefonema. A conversa é entre Dadá e Cachoeira. Eles falam sobre a entrega de rádios para facilitar o contato com Marcello Lopes e Claudio Monteiro.

    Dadá: "Já recebeu os rádios aí?"

    Cachoeira: "Chegou 4 chip aqui. Você quer que guarde para você?"

    Dadá: "Quero, quero. Que ele vai dar um para o Claudio Monteiro, um outro para o Marcelão, tem que tar fazendo a ponte com ele. Tem que ficar perto dele."

    Em outro trecho, Dadá resume em uma frase como a quadrilha de Cachoeira operava. “A regra é clara: você faz, você recebe. Você não fez, não vai receber.”

    O ex-diretor do SLU, João Monteiro, disse que nunca teve contato com a quadrilha nem facilitou negócios para a empresa Delta. A Delta declaração não ter qualquer relação imprópria com João Monteiro e reafirmou que afastou Claudio Abreu por causa das ligações com Cachoeira.

    Marcello Lopes não comentou as denúncias. O advogado de Idalberto Matias de Araújo disse que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao inquérito.

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